Um dos maiores vilões quando o assunto é inadimplência são as altas taxas aceitas pelos clientes sem uma análise prévia. Porém, em um país com mais de 212 milhões de pessoas, por que o tema educação financeira não está em nossa pauta? E por que não utilizamos as ferramentas disponíveis para organizar nossas finanças?
Segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), quatro em cada dez brasileiros adultos estavam negativados em agosto de 2022, isso equivale a mais de 63 milhões de pessoas.
Mas o que pode ser feito sobre isso para ajudar os usuários a gerenciar melhor suas finanças? É nesse cenário que aparecem os gerenciadores de finanças pessoais (PFM, ou Personal Finance Management). São serviços digitais que ajudam a organizar e representar graficamente e em uma plataforma intuitiva o volume de despesas e receitas diárias, semanais ou mensais, além de previsões nas finanças individuais. Ou seja, você conseguirá observar seu dinheiro como um todo - uma ótima opção para os brasileiros que estão em busca da saída da negativação e da independência financeira.
Essa funcionalidade é totalmente projetada para o bem-estar econômico dos usuários, já que o objetivo é oferecer valor agregado ao cliente por meio da análise de muitos dados complexos, como despesas, receitas e dívidas, para melhorar o cumprimento de suas metas financeiras. Portanto, idealmente devem ser ferramentas que ajudem a segmentá-las, categorizá-las e realçá-las de forma simples.
Inovações como essa são uma revolução no mercado financeiro, em que todos saem ganhando. Entre suas vantagens, o dashboard traz a possibilidade de colocar o cliente como o grande detentor do conhecimento de seus benefícios, entendendo onde estão as melhores taxas, melhores programas de recompensas e saindo do escuro em relação ao seu dinheiro. Por sua vez, através de uma funcionalidade de PFM, a instituição financeira se envolve - e colabora - na realização dos sonhos e planos do cliente, o que gera um relacionamento sólido e de confiança.
Outro ponto a se pensar quando o assunto é organização financeira é a integração de informação, já que o acesso a diferentes serviços financeiros pode ser um pouco confuso quando acessados individualmente, em diversos canais de diversos bancos diferentes. Por isso, uma das propostas do Banco Central para 2024 é a integração desses serviços em uma única plataforma, o que pode otimizar não só o tempo, mas ajudar o cliente a compreender melhor quais são suas opções na hora de organizar suas finanças.
Com o movimento de finanças abertas (o famoso "Open" de informações financeiras), observamos que o que manda é a necessidade da população por soluções mais integradas. Vemos uma forte tendência para um modelo de 'todos para todos' e não mais de 'um para todos', em que é preciso colocar o cliente no centro de uma plataforma única com as informações e ofertas a seu dispor, com uma experiência fluida e amigável, sem fricções.
As inovações propostas pelo Banco Central trazem uma verdadeira transformação no mundo dos negócios, em que integração é a palavra-chave. A intenção do BC é trazer o mundo de finanças descentralizadas o mais próximo possível do mundo regulado, criando assim o sistema financeiro do futuro.
Agregar um gerenciador financeiro que educa e potencializa a economia dos usuários é um passo nessa direção, que trará frutos tanto para os clientes quanto para as instituições. Como atores-chave do setor financeiro, o que devemos fazer é acompanhar as movimentações do mercado na criação de soluções digitais que os clientes esperam: descomplicadas, seguras e, principalmente, sem fronteiras.
Wagner Martin é VP de Negócios da Veritran. O executivo possui mais de 15 anos de experiência no setor de tecnologia, com amplo conhecimento de meios de pagamentos digitais, serviços comerciais, autogestão de clientes e operações de vendas e pós-venda.
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