Em pouco mais de um ano, o Pix já fez revolução no mercado financeiro e na vida da população. Ele trouxe dinamismo para os negócios, inclusão financeira para as classes menos favorecidas, ultrapassou estatísticas, expôs fragilidades do sistema e lançou um novo olha sobre o mercado digital.
Tantos acontecimentos em um curto período também levantaram muitos questionamentos sobre segurança e evolução tecnológica. Por isso, é importante refletirmos sobre onde estamos e para onde queremos ir.
PIX EM NÚMEROS
As estatísticas mostram que, desde o seu lançamento, em novembro de 2020, o pagamento instantâneo brasileiro tem acumulado dados de crescimento. O Pix foi responsável por colocar o Brasil entre os quatro países que mais realizam transações em tempo real. Foram 8,7 bilhões de transações, que representaram 5% das operações feitas no país, de acordo com relatório global da ACI Worldwide de 2021. A expectativa é que essa participação continue subindo e chegue a 34% em 2026.
Segundo informações do Banco Central (BC), as transações por meio de pagamento instantâneo somaram 3,89 bilhões nos últimos três meses do ano passado, uma alta de 34% sobre o trimestre anterior. O Pix também superou o cartão em transações. Foram 3,85 bilhões no débito (alta de 9%) e 3,73 bilhões no crédito (avanço de 12%). Os pré-pagos subiram 20%, para 1,92 bilhão de operações. Quem mais perdeu espaço foram as modalidades de transferência, como TED, DOC e intrabancárias.
INCLUSÃO FINANCEIRA
O Pix também traz algumas lições para países emergentes. Segundo estudo do Banco de Compensações Internacionais (BIS), o sistema de pagamento instantâneo brasileiro mostra como as infraestruturas dos BCs podem apoiar a interoperabilidade promovendo custos mais baixos e maior inclusão financeira, facilitando o acesso a seus sistemas de pagamentos. Nesse sentido, as infraestruturas dos BCs podem fazer com que novas tecnologias sejam utilizadas a favor das populações menos favorecidas.
Segundo análise do Beyond Borders do EBANX, esses novos métodos de pagamento têm contribuído para impulsionar o mercado digital em regiões da América Latina, onde cerca de metade da população não possui conta em banco. Métodos como o Pix abriram caminho para uma grande mudança no mercado digital, com mais de 150 milhões de pessoas comprando online pela primeira vez ao longo dos últimos dois anos. O e-commerce da América Latina deve crescer 31% ao ano até 2025, segundo dados da Beyond Borders.
NOVA MODALIDADE DE PAGAMENTO DO PIX
O parcelamento no Pix é a mais nova funcionalidade do serviço. Por dar mais flexibilidade ao consumidor, ele está se destacando entre as preferências na hora de pagar. Além disso, o Pix dá uma vantagem competitiva para os negócios e, apesar de não ser um recurso oficial do Banco Central, diversos bancos e instituições financeiras já estão oferecendo a opção de parcelamento com o Pix em até 24x.
Com a solução de pagamento parcelado sem cartão e sem juros, as pessoas têm mais acesso às lojas virtuais e ampliam-se as chances de conversão em vendas. O parcelamento em Pix, é o verdadeiro Buy Now Pay Later (compre agora, pague depois).
APRENDIZADOS
Com a divulgação de tantos dados e informações, desde a implementação do Pix, as vantagens e desvantagens acabam se misturando e dificultando uma análise mais precisa sobre o tema. Mas a reflexão que devemos fazer é: os benefícios são maiores que os malefícios?
Acredito que sim. O que nos falta, e já estamos avançando nesse sentido, é aprender com os erros e criar soluções que impeçam que criminosos burlem as travas de segurança e tenham acesso aos dados e aplicativos com tanta facilidade.
Sem segurança, não há transação financeira, mas é preciso buscar soluções de segurança compatíveis com a melhor experiência do usuário, encontrando um equilíbrio entre os dois fatores. O BC, por exemplo, já anunciou medidas para tornar o Pix mais seguro, como o "Bloqueio Cautelar" e o "Mecanismo Especial de Devolução".
Além disso, as entidades financeiras devem incorporar ferramentas para aumentar a segurança dos canais digitais que oferecemos aos usuários. A multiplicidade de mecanismos de segurança informática aumenta as hipóteses de combate ao cibercrime e de proporcionar aos clientes maior segurança e confiança no desenvolvimento das suas transações.
A Biometria e a Tokenização, dupla dinâmica contra fraudes bancárias, também contribuem para a segurança das transações. A combinação de ferramentas que exigem a verificação da autenticidade do usuário se posiciona como uma das soluções mais eficientes e funcionais, pois é difícil quebrar ambas as barreiras, dada a complexidade de acessar todos os requisitos que tanto a biometria quanto a tokenização exigem de uma pessoa.
Como toda inovação, o Pix teve e ainda terá um período de adaptação e melhorias, mas a tendência é que essa ferramenta seja cada vez mais aperfeiçoada e traga ainda mais benefícios para o usuário de forma segura e eficiente.
Wagner Martin é VP de Negócios da Veritran Brasil.