O debate sobre sistemas de transportes mais eficientes e sustentáveis ganhou visibilidade global ao longo de 2021, principalmente após a COP26, realizada em Glasgow, na Escócia. Alinhada às discussões dos mais de 200 países presentes no evento, a indústria automotiva brasileira apresentou, em agosto deste ano, durante a Lat.Bus - Feira Latino-Americana do Transporte, veículos e inovações tecnológicas que fortalecem a mobilidade coletiva com adequações às mudanças climáticas e a redução das emissões de gases poluentes até 2030.
Os ônibus com motores por propulsão elétrica estão inseridos nas estratégias adotadas mundialmente para acelerar as ações que evitam danos mais severos ao meio ambiente. Neste contexto, a Lat.Bus foi escolhida para sediar uma das principais novidades do setor automotivo deste ano - o início da produção de 30 unidades do Attivi integral da Marcopolo. Esse é o primeiro ônibus elétrico com chassi desenvolvido pela companhia e 100% elétrico; trata-se de um projeto que aposta principalmente na tecnologia nacional.
Atualmente, o segmento de transportes é responsável por 18% das emissões de gases de efeito estufa e a busca por sustentabilidade veicular aumenta a receptividade do mercado para a chegada de unidades eletrificadas. Além da atratividade do movimento, o reforço da indústria 100% brasileira à frente do longo processo de eletrificação do transporte coletivo traz protagonismo ao Attivi, pois ele foi planejado para atender às diferentes possibilidades do setor de transportes, tanto para o mercado brasileiro quanto ao internacional.
Ao olharmos para o atual cenário, notamos que o tema eletrificação já faz parte da realidade do transporte coletivo. Um exemplo disso é o projeto apresentado no início deste ano, no estado de Goiás, para a implantação de um sistema de eletromobilidade. Na região, está em análise um estudo coordenado entre Enel-X, Marcopolo e Urbi Mobilidade Urbana para avaliar a viabilidade técnica da operação de um ônibus 100% elétrico, que circulará por Goiânia e região metropolitana. A proposta é modernizar a frota a partir de investimentos em soluções limpas e sustentáveis.
Vale destacar ainda o lançamento do primeiro veículo leve sobre pneus (VLP) 100% elétrico em São José dos Campos (SP) e o primeiro ônibus rodoviário movido a eletricidade da região sul. Esses são alguns dos resultados das parcerias estratégicas realizadas pela Marcopolo, que já garantiram a entrega de modelos elétricos para diversas cidades do país, como Brasília (DF), São Paulo, em São Paulo (SP), Belém (PA), Vitória (ES) e Fortaleza (CE), entre outras.
Essas iniciativas nos mostram que a indústria automotiva está envolvida em diferentes projetos de veículos eletrificados. Atualmente, o Brasil conta com a quarta maior frota de ônibus elétricos da América Latina, com cerca de 350 veículos em circulação, atrás de Chile com 819 ônibus elétricos em circulação, México com 369 e Colômbia com 355.
Podemos dizer que o sistema brasileiro de transporte coletivo apresenta diversas vantagens para a introdução de ônibus com propulsão elétrica, pois os veículos operam no chamado formato de “arranca e para”, um modelo que torna o carregamento de baterias mais fácil e frequente.
Todos esses fatores mostram que existe um ambiente muito propício para o desenvolvimento do transporte coletivo elétrico no país. Para isso, é importante que o poder público também esteja envolvido com o tema, as cidades precisam reorganizar os seus sistemas para garantir o avanço dos transportes mais limpos e eficientes. A ampliação da eletrificação é decisiva para o futuro sustentável dos transportes.
James Bellini é CEO da Marcopolo, com sede em Caxias do Sul, líder na fabricação de carrocerias de ônibus no Brasil e entre as maiores do mundo. Com fábricas nos cinco continentes, os veículos produzidos pela empresa rodam nas estradas de mais de cem países.
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