Caxias do Sul 18/04/2025

Sexta-feira 13: um folclore moderno

As origens remotas dos mistérios que cercam a data hoje vista como azarada
Produzido por Lucas Lima, 13/12/2024 às 09:40:17
Lucas C. Lima é escritor
Foto: ARQUIVO PESSOAL

Gato preto, espelho quebrado, chinelo virado, muitas coisas são consideradas fontes de azar. Porém, um dia em especial é o maior vilão de todos para os supersticiosos: a Sexta-feira 13.

Mas como surgiu essa crença?

Vamos começar pelo número 13, que é associado ao azar em nossa cultura e em outros países do Ocidente. Só que ele não é o único número que representa má sorte no mundo: o número 4 é considerado de mau agouro em países como Japão e China; o 17 é presságio de morte na Itália e o número 26, na Índia, é visto como um marcador de grandes tragédias.

Enquanto isso, a origem azarada do número 13 é um tanto quanto turva. Alguns dizem que o conceito surgiu na Última Ceia, pois havia 13 participantes, sendo Judas Iscariotes o 13º, e quem trairia Jesus Cristo. Outros dizem que veio da mitologia nórdica, em que a lenda, estranhamente, também envolve um banquete com 13 convidados e um canalha entre eles. Nesse caso, Loki seria o 13º e desencadearia o Ragnarok, o fim do mundo.

Já a sexta-feira é sinônimo de azar, pois, segundo a tradição cristã, Jesus foi crucificado nesse dia da semana.

Pensando na junção desses dois elementos, a sexta-feira 13 não tem uma origem definitiva. A teoria que eu mais gosto, pessoalmente, é a de que essa crença surgiu, nada mais, nada menos, do que com os Cavaleiros Templários. No dia 13 de outubro de 1307, uma sexta-feira, o rei da França, Philip IV, mandou prender os integrantes da Ordem dos Templários. Um dia de muito azar para eles, definitivamente.

Apesar de o medo desse dia não ser exatamente antigo, com origem por volta do século XX, a data está profundamente ligada ao imaginário popular, quase um folclore moderno. A superstição deu origem também a uma franquia de filmes de terror slasher de que você provavelmente já ouviu falar, com o nome de (quem diria?) Sexta-feira 13.

Com um fundo de verdade ou não, o fato é que a forma com que vemos algo influencia o mundo ao nosso redor. O dia pode não ter poder por si só, mas se você acredita que ele tem, então, não é só mais um dia na semana. Explorei esse conceito de maneira mais literal no meu livro de terror, O Sonho da Borboleta, publicado pela Qualis Editora. Nele, os personagens são trancados em uma mansão abandonada que se molda através de suas mentes, criando monstros e armadilhas baseados em seus medos. Nessa mansão, o que você acredita ser verdade e o que é verdade são duas coisas, muitas vezes, indistinguíveis.

Atualmente, a sexta-feira 13 pode ser considerada como um “mini Halloween”, um dia em que as pessoas ficam mais dispostas a pensar no macabro e no assustador, consumindo conteúdos de terror como livros, filmes e séries. Aproveite essa data de azar para enfrentar seus medos e, quem sabe, se divertir no processo.

Lucas C. Lima é escritor, autor de “O Sonho da Borboleta” e especialista em suspense, horror, mistério e fantasia sombria.