Caxias do Sul 22/11/2024

Seis meses e 24 textos nas veias da Sétima Arte

Nas configurações da crítica cinematográfica, o espaço da interpretação abre-se ao espectador
Produzido por Eulália Isabel Coelho, 27/09/2020 às 08:49:02
Foto: LUIZ CARLOS ERBES

Por Eulália Isabel Coelho

No escurinho do cinema
Chupando drops de anis
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz

(Rita Lee, “Flagra”)

Do escurinho do cinema à penumbra da sala de estar, sempre fui fisgada pelo “fluxo contínuo de sonhos”, referência de Orson Welles à Sétima Arte. Tornei-me criatura esfomeada sempre à caça de fabulações que me fizessem sentir mais viva, mais humana, menos desencontrada (saiba mais sobre minha paixão pelo cinema AQUI)

O convite para escrever neste site proporcionou meu reencontro com a crítica cinematográfica. Eu a exerci no jornalismo gráfico por décadas, tanto em jornal quanto em revistas. Porém, hoje o faço com uma liberdade jamais imaginada e com o apoio irrestrito dos meus editores Silvana Toazza e Marcos Fernando Kirst.

Não há nada mais incrível para um jornalista do que poder dizer a palavra que precisa ser dita. A minha é a do cinema, a mágica palavra escrita por Meliés e pelos Irmãos Lumiére no lastro da fotografia. É o meu botão de rosa, a minha “rosebud”, pronunciada por Charles Foster Kane. É aquela que está lá no mito da Caverna de Platão. Não, não vamos filosofar em torno disso.

Nesse espaço de Opinião, trago dados, informações, olhares além do meu sempre que entendo enriquecedor. Principalmente, ofereço alguns pontos de reflexão para que você, espectador, possa fazer sua interpretação. Afinal, a obra de arte tem sempre muitos caminhos a serem percorridos. Não é fechada em si mesma.

Cidadão Kane e o enigma de “rosebud”

“Trocamos confissões, sons
No cinema, dublando as paixões”

(Chico Buarque, “Tantas Palavras”)

Para além dos meandros das técnicas de composição e enquadramento, roteiro e tudo o que envolve os processos de produção, voltei-me para as significações no texto fílmico. Na fruição leio as entrelinhas ao decifrar signos (a grosso modo, a representação de algo, das mensagens ou de fragmentos delas). Se o cinema “é um modo divino de contar a vida”, como disse Fellini, é preciso investigar suas camadas e mapeá-las.

É o que me move e é coisa da vida inteira. Espio pelo buraco da fechadura despertando sentidos. Observo sem pudor e todas as tintas me carregam a outros lugares, outras possibilidades. Somos todos passageiros voyeurs nessa viagem com tempo exato para terminar, mas não para ser esquecida.

As narrativas que fluem, se alongam ou se bifurcam, atraem meu olhar. O tempo que se distende ou encolhe, a ordem que é também caos, as motivações dos personagens, os sentimentos obscuros, as descobertas, a imagética e a estética desconcertantes, falas e não-ditos me envolvem por completo. É a partir disso que trago a você minhas impressões.

Dou-me conta, a cada filme, que a afirmação do cineasta Jean-Luc Godard, “Cinema é a fraude mais bonita do mundo”, é absolutamente verdadeira. Escolho ser sempre trapaceada por ela. E você?

DE OLHO NO SET

O primeiro texto Um Homem Chamado Ove, obra sueca que concorreu ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Melhor Maquiagem, foi publicado no final de março.

Ove e sua vizinha, aprendizado

Ao observar os textos no site, descobri que Quase sempre a mesma coisa, sobre clichês cinematográficos, é um dos mais lidos com 387 compartilhamentos, seguido de Ode a Ennio Morricone e seu magnífico legado, com 361.

Clichê do porão sem luz

Whisky é obra sobre solidão e condição humana aparece com 280, seguido de Arthur Flack escuta-me um pouquinho, com 250.

Whisky, o melhor do cinema uruguaio

Clicando em Cinema, você encontra análise sobre os 60 anos do filme Psicose, de Alfred Hitchcock, o aniversário de 90 anos de Clint Eastwood, o centenário de Fellini e o legado do maestro Ennio Morricone (1928-2020), entre outros.

Hitch dirige Janet Leigh em Psicose

Fellini, para sempre lembrado

Temas como sonhos e cinema relacionados à pandemia, vocabulário cinematográfico, design de interiores a partir das obras do diretor Wes Anderson e psicopatia, são alguns que destaco.

Psicopatia em Seven com Freeman e Pitt

Eulália Isabel Coelho é jornalista, professora de cinema e escritora

mail bibacoelho10@gmail.com

Leia outro texto, da mesma autora, AQUI