"O que diferencia as empresas de sucesso não é apenas a estratégia, mas a execução brilhante - e isso depende das pessoas", diz o indiano Ram Charan. Com essa frase inspiradora do guru em gestão e estratégia empresarial, inicio a história de como a Marcopolo envolveu seus mais de 14 mil colaboradores e desenvolveu uma cultura organizacional focada em inovação.
A escolha da frase não foi por acaso, porque Ram Charan faz parte dessa jornada. Em 2019, durante um jantar com empresários em Caxias, após visitar a nossa fábrica, perguntamos ao especialista o que era preciso fazer para que nossa empresa fosse ainda mais inovadora e se perpetuasse ao longo do tempo. A resposta veio certeira: “as empresas que vão se destacar nos próximos anos são aquelas que estão investindo em conexões com o ecossistema de inovação.”
Já tínhamos um setor de inovação estruturado, o MIC (Marcopolo Innovation Center), um DNA inovador e uma trajetória de 75 anos em que sempre focamos em novidades, seja oferecer um produto mais seguro, sair na frente com uma poltrona mais confortável ou produzir um veículo mais econômico. Com o insight de Ram Charan, olhamos para o que já tínhamos, percebemos que muitas eram inovações incrementais e que havia espaço para ir além e pensar em novos projetos.
Trilhamos um longo caminho: visitamos empresas, fizemos benchmarking e começamos a nos estruturar. A virada de chave da Marcopolo Next veio quando entendemos que, para a inovação ganhar tração, era preciso criar uma cultura de inovação. Para isso, era fundamental envolver todos os nossos colaboradores e investir no intraempreendedorismo. Desse processo resultou a criação de uma grande comunidade de inovadores dentro da empresa, que chamamos de MVPs – os Marcopolo Venture Partners. Hoje, são mais de 750 colaboradores de todos os níveis - do chão de fábrica ao conselheiro fundador -, que se voluntariam para atuar como agentes da cultura de inovação e recebem treinamento, participam de projetos, viagens, eventos e grupos no Whatsapp.
Ao reconhecer a importância do capital humano como fonte de inovação, passamos a agir também para potencializá-lo. Assim surgiu o Marcopolo Go³, nosso programa de intraempreendedorismo. A primeira edição, em 2023, contou com 164 colaboradores voluntários que apresentaram 116 ideias inovadoras para novos negócios e tecnologias. O nível de engajamento dos participantes foi surpreendente, revelando o desejo dos colaboradores de ir além de suas funções rotineiras para contribuir com o futuro da empresa.
Ao longo do ano, foram mais de 1.300 horas dedicadas a treinamentos e mais 600 horas de trabalho intenso na aceleração e implementação das propostas. Esse esforço culminou na escolha de três projetos finalistas, que não apenas receberam o aval da diretoria como já estão em execução. São eles: a MarcoAdditive, que traz impressão 3D para dentro da manufatura, a nova divisão Marcopolo Motorhome, que lançou o NOMADE em novembro, e o Focus, uma tecnologia para ajudar os vendedores em negociações técnicas.
A grande lição que o Marcopolo Go³ deixa é que intraempreendedorismo não se trata apenas de colher ideias inovadoras, mas de construir um ambiente onde a criatividade, a colaboração e a execução sejam incentivadas de forma contínua.
Ao investir nesse programa, a Marcopolo vai além de fomentar inovação: ela retém talentos, promove o desenvolvimento profissional e pessoal de seus colaboradores e ainda fortalece seu posicionamento como protagonista em soluções de mobilidade. Afinal, o verdadeiro diferencial competitivo de uma organização está nas pessoas que a compõem e em sua capacidade de transformar ideias em ações.
Estamos também cocriando na área de inovação social em conjunto com a Fundação Marcopolo. Já temos ideias, motivação, gente com disposição para inovar e o nome do projeto que diz tudo: “O futuro que queremos”.
Para concluir, entendemos que o intraempreendedorismo é mais do que um modismo corporativo. Ele é uma necessidade estratégica em um mundo que exige constante adaptação e inovação. Quando as empresas apostam no potencial de seus colaboradores, o resultado é uma cultura organizacional mais vibrante, alinhada com os desafios e as oportunidades do futuro. Programas como esse são mais do que uma ferramenta de engajamento: são uma estratégia para identificar talentos, valorizar o papel transformador dos colaboradores, aumentar a competitividade e garantir que a empresa se mantenha na vanguarda do setor.
João Paulo Pohl Ledur é diretor de estratégia e transformação digital da caxiense Marcopolo.
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