A indústria brasileira de ônibus fechou 2023 com crescimento de 2,4%, com 19.612 unidades produzidas em relação às 19.151 de 2022. O setor vem demonstrando a sua força e foco na melhoria da mobilidade e da preservação ambiental, com veículos mais sustentáveis e com mais tecnologia, conforto e segurança.
O setor terminou dezembro com a produção de 1.537 veículos, volume consistente e estável. Mas o mais relevante e que demonstra potencial existente para os próximos anos é que conseguiu avançar, mesmo em um ano de retração do mercado brasileiro de veículos comerciais pela entrada em vigor da legislação de emissões PROCONVE P8 e com pouca produção destinada ao programa do governo federal Caminho da Escola.
A continuidade na renovação da frota das operadoras do transporte rodoviário de passageiros, o início do fornecimento de quase 15 mil novos ônibus escolares para o programa do governo federal Caminho da Escola e o promissor mercado de ônibus elétricos podem fazer a produção ultrapassar 30 mil unidades já em 2024.
Do total de ônibus produzidos em 2023, 10.516 unidades foram de modelos urbanos (53,6% do total), com aumento de 8,7% sobre as 9.675 carrocerias do anterior. Os rodoviários alcançaram 5.595 unidades, aumento de 14,9% em relação às 4.871 de 2022 e 28,5% de participação. O segmento de micro-ônibus representou 17,4% do mercado e foi o único com retração, de 24,9% e 3.405 carrocerias, contra as 4.535 produzidas anteriormente.
Entre as marcas, a Marcopolo foi o grande destaque. Cresceu 44,5% em relação ao volume produzido em 2022 e, mais uma vez, ampliou a sua liderança. Deve-se salientar que, no mercado brasileiro, o crescimento da fabricante de Caxias do Sul foi de 85,1%, ampliando os seus volumes em todos os segmentos. Nos rodoviários, cresceu 39,4%, com 3.078 ônibus contra 2.208 do ano anterior. Em urbanos, 41,9%, com 3.289 ônibus em relação às 2.318 unidades. E em micros, 78,6%, com 911 veículos ante 510 de 2022.
Marcopolo foi um dos grandes destaques em 2023
(Foto: Divulgação)
Esse resultado é fruto de uma estratégia baseada em inovação, novas tecnologias, antecipação das necessidades e estreito relacionamento com os clientes e o mercado. O sucesso da Geração 8 de rodoviários, no Brasil e no exterior, reforça essa posição.
A Caio manteve a liderança nacional no segmento de urbanos e também avançou mais do que o mercado, com elevação de 3,2%. Mas caiu muito (57,6%) em micros. Comil e Mascarello ficaram praticamente estáveis, com crescimento de 1,6% e retração de 2,2%, respectivamente. E a Irizar, focada principalmente no mercado externo, expandiu 16,8%. Somente a Carbuss (Busscar) e a Neobus registram quedas significativas. A Carbuss caiu 32,1%, com a produção de 714 ônibus em relação aos 1.053 de 2022. A Neobus despencou 61,4%, com 1.141 unidades, contra as 2.594 do ano anterior, sobretudo em razão do menor volume de veículos escolares.
O ano de 2024 promete ser muito promissor para a indústria brasileira do ônibus. É esperar, acompanhar e conferir o desempenho da nossa indústria.
José Carlos Secco é jornalista especializado na indústria automotiva e de transportes, diretor da Secco Consultoria de Comunicação, de São Paulo, com atuação inclusive na Serra Gaúcha.
mailjcsecco@secco.com.br
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