Democratizar, tornar acessível e simplificar são princípios básicos do jornalismo. Afinal de contas, quanto mais simples é a informação, mais pessoas conseguem absorver, é claro, sem esquecer a responsabilidade de construir o conteúdo.
Assim também precisa ser a educação financeira e a rotina dos investimentos no Brasil. Porém, ainda estamos muito longe de classificar esse conhecimento como democrático, acessível e simplificado em um país tão desigual.
Segundo uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), realizada em 2020, cerca de 45% dos brasileiros não fazem nenhum tipo de controle financeiro. Entre aqueles que se dedicam a isso, 20% afirmam que usam a memória para gerir as economias.
Logo, se muitas famílias não realizam um controle de orçamento adequado, não é difícil supor que o conceito de investimento é algo raro.
No mês de janeiro, a B3, bolsa de valores brasileira, atingiu a marca de cinco milhões de pessoas com contas abertas em corretoras de valores. Portanto, em uma nação com mais de 212 milhões de habitantes, aqueles que investem integram uma parcela minúscula.
E o que afasta esse universo de potenciais investidores? Quem sabe, ao falar de bolsa de valores, muitos podem pensar em uma realidade inalcançável, formada por pessoas extremamente bem-sucedidas, carros do ano, viagens internacionais e vida luxuosa. Para aqueles que trabalham para sobrar salário no final do mês, talvez entrar na bolsa "não seja para mim".
Entretanto, é com prazer que eu digo que é possível aplicar seu dinheiro começando com pouco.
A B3 divulgou que, em dezembro de 2021, a média do primeiro aporte para novos investidores foi de R$ 44. Esse é o menor valor desde janeiro de 2014. Na renda fixa há valores ainda mais acessíveis. Frações dos papéis do Tesouro Direto podem ser encontradas na faixa dos R$ 30.
E que tal ser proprietário de uma parte de imóveis pelo Brasil, receber mensalmente parte desse aluguel e sem se preocupar com conserto de um cano furado? Por cerca de R$ 100, você compra cotas de Fundos Imobiliários de shoppings, galpões logísticos e prédios de escritórios.
Agora, se você chegou até aqui e ficou interessado por começar a aprender sobre investimento, deixo duas dicas. Primeiramente, sua vida financeira do futuro vai te agradecer. Em segundo lugar, faço um alerta: muito cuidado com propagandas em que pessoas aparecem dirigindo carros luxuosos, mostrando maços de dinheiro e perguntando "quer saber como cheguei até aqui?". Busque referências confiáveis de informações. E, felizmente, são muitas à disposição.
Investir exige aprendizado constante, paciência e perseverança. Tenha comprometimento, constância nos investimentos e pense no longo prazo.
Fernando Levinski é jornalista. Investidor há mais de três anos, criou o podcast InvestiNando para falar de educação financeira e investimentos de uma maneira simples.