Estando a população gaúcha sempre às vésperas de nova avaliação do Modelo de Distanciamento Controlado para a Serra Gaúcha, a CDL Caxias do Sul segue extremamente apreensiva com a possibilidade de mais uma semana de comércio fechado. Além da insegurança que este abre e fecha do varejo tem gerado, a continuidade da bandeira vermelha deverá agravar ainda mais a crise sem precedentes que estamos vivenciando.
Nestes quatros meses de pandemia, mais de R$ 230 milhões deixaram de ser arrecadados no comércio caxiense e 1,4 mil vagas de empregos foram encerradas até maio, representando 23,43% do saldo negativo das demissões no município.
Segundo dados do novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), de janeiro a maio deste ano, 6 mil vagas foram encerradas nos mais diversos setores em Caxias do Sul. No Estado, os números gerais chegam a 86,5 mil e, no Brasil, ultrapassam 1,1 milhão de demissões, sendo que o comércio representou quase 40% dos postos de trabalho fechados em ambos.
Baseada nos números de arrecadação de ICMS, a CDL estima que somente o comércio caxiense deixa de faturar R$ 3,3 milhões por dia na bandeira vermelha, representando uma queda de 53% nas vendas do setor, devido à suspensão dos atendimentos presenciais dos estabelecimentos não essenciais.
No varejo, que é responsável por 28% do PIB de Caxias do Sul, mais de R$ 230 milhões deixaram de ser arrecadados ao longo desses quase 120 dias de pandemia e, até o dia 27 de julho, o rombo pode chegar a R$ 247,5 milhões. Esse levantamento é baseado no percentual de abertura do comércio de acordo com as diferentes bandeiras no período.
Temos reiterado e reforçado esses prejuízos à nossa economia com o objetivo de chamarmos atenção para os critérios que são adotados pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo em que fecha escolas, restringe o comércio ao delivery e pegue e leve, proíbe o atendimento presencial em restaurantes, limita a atividade da indústria e serviços, impede a realização de eventos e diversas outras sanções, esses mesmos critérios liberam jogos de futebol oficiais, autorizam o retorno de competições esportivas e outros absurdos que temos visto em hipermercados e grandes redes que acabam se beneficiando da crise.
Enquanto isso, estabelecimentos que atendem poucas pessoas por dia não podem receber consumidores ou, ainda, o caso de centenas de profissionais de eventos, que não podem trabalhar, nem realizar atividades para até 30 pessoas, por exemplo. Perdeu-se, sim, a lógica do distanciamento, que acaba sendo muito severo para algumas atividades e extremamente permissivo para outras.
Mediante este cenário, o setor do comércio não tem perspectiva de melhora, já que nestes critérios acabamos sendo classificados como uma atividade não essencial. Mas a nossa pergunta é: um setor que gera tanto emprego, que depende da venda diária para honrar seus compromissos, para colocar comida na mesa tanto dos micro e pequenos empresários como dos funcionários, não é uma atividade essencial?
É preciso a união de todos os entes nesta verdadeira batalha contra um inimigo comum, que é o coronavírus, mas um olhar especial para que a crise econômica não agrave ainda mais e gere um colapso social. Nosso apelo é para que tanto o governo estadual quanto o municipal percebam a importância do comércio e de serviços para a cidade e permitam que possamos trabalhar, com todos os cuidados necessários quanto ao uso de máscara, distanciamento, ventilação, e também uma fiscalização efetiva.
Renato S. Corso é presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul