Todos os anos, a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) realiza o Dia Livre de Impostos (DLI) como uma forma de chamar a atenção dos empresários e da população em geral para a alta carga tributária brasileira.
Em Caxias do Sul, essa ação é capitaneada por nós, da CDL Jovem, para que os consumidores da nossa cidade e da região também se engajem nesta pauta, que tem como principal objetivo reivindicar que os nossos agentes políticos voltem seus olhares para reduzir a “mordida” dos altos tributos que são praticados em todos os níveis, do plano municipal ao federal. A ação também tem como foco conscientizar a própria população do quanto pagamos em impostos.
E por falar em mordida, neste ano a ação do DLI foi um pouco diferente das anteriores: enviamos um kit de divulgação para jornalistas e influenciadores digitais que era formado por meio hambúrguer, como forma de demonstrar o quanto pagamos em impostos por diferentes produtos. Decidimos não estimular que lojistas e prestadores de serviços realizassem promoções de desconto do que é pago em tributos para evitar possíveis aglomerações.
O Dia Livre de Impostos como uma ação de conscientização é também uma forma de não gerar ainda mais prejuízos em tempos de pandemia e queda no faturamento causada por sucessivos fechamentos dos setores do comércio, de serviços, de eventos, bares, restaurantes e outros empreendimentos tidos como não essenciais.
O que buscamos demonstrar, de uma forma lúdica, é um pouco do que acomete o empresário brasileiro no dia a dia, que não tem orgulho algum em ostentar o título de povo da América Latina que mais paga impostos, que equivale a 35,4% do PIB verde-amarelo. Ele também não se orgulha de precisar trabalhar, em média, três meses para pagar os impostos anuais. É o mesmo empreendedor que vê estarrecido o fato de o Brasil arrecadar R$ 4,7 milhões por minuto em tributos.
É ainda pior quando constatamos que, mesmo com essa alta carga tributária, temos inúmeros problemas de infraestrutura, em praticamente todas as áreas. Neste ano, ficaram bastante evidentes os gargalos da saúde pública, além do pouco investimento em inovação e um déficit enorme no que diz respeito à competitividade perante outros países.
As CDLs Jovem de todo o Brasil têm se mostrado unidas e atuantes para que esse tema seja cada vez mais discutido e, principalmente, que ajude a gerar um debate sobre a necessidade de reduzir essa carga tributária, de enxugar a máquina pública e otimizar os investimentos. Precisamos de agentes públicos que trabalhem por uma verdadeira reforma tributária, que também fiscalizem e coíbam a sonegação fiscal e que se comprometam na melhoria do uso dos recursos que são gerados a partir dos impostos, já que, em um ranking de 30 países, o Brasil é o 14º que mais arrecada dinheiro com tributos e está em último como o país que melhor retorna o dinheiro para a sociedade.
Ficam aqui o desafio e o convite para que a população reflita sobre o tema nos demais 364 dias do ano. Para esse mesmo povo que trabalhou até o final deste mês apenas para pagar impostos, que essas informações sirvam como instrumentos de cobrança aos nossos representantes e como um grito de que não suportamos mais o tamanho desta mordida.
Shaíze Maldonado Roth é diretora da CDL Jovem Caxias do Sul