É fato que o crescimento da população de idosos no mundo é um fenômeno. No Brasil, por exemplo, observou-se um aumento de 39,8% entre 2012 e 2021, segundo dados do IBGE, e já sabemos que esses números acarretam em mudanças no perfil epidemiológico no qual predominam as doenças crônicas que podem limitar e comprometer a capacidade funcional e a qualidade de vida desse expressivo grupo. Dentre elas, destacam-se as demências, e a mais comum é a Doença de Alzheimer (DA).
Caracterizada por ser uma patologia neurológica degenerativa, progressiva e irreversível, a Doença de Alzheimer, além de deteriorar cada vez mais o nível cognitivo, atinge a capacidade funcional do ser humano e, muitas vezes, resulta na necessidade de um cuidador que possa auxiliar o enfermo em suas atividades. Com o avanço dos sintomas, há a demanda de maior nível de cuidados, o que pode trazer forte impacto tanto na vida do paciente quanto para as pessoas ao seu redor.
As alterações físicas e psíquicas decorrentes geram situações estressoras que interferem até nos relacionamentos familiares. O afastamento da família, a sobrecarga daqueles que zelam pelo idoso são fatores preponderantes para reduzir sobremaneira o conforto do doente.
A perda da capacidade de reconhecer as pessoas próximas e a dependência total para as atividades básicas da vida são citados na literatura como algumas das dificuldades que os filhos, por exemplo, apresentam no convívio com os portadores de Alzheimer. A falta de preparo e, principalmente, de conhecimento acerca do curso progressivo da doença são fatores que interferem diretamente no vínculo familiar e nos cuidados prestados.
Embora nos últimos anos tenha-se observado um aumento da expectativa de vida, a taxa não acompanhou melhorias para a qualidade vitalícia de indivíduos com Alzheimer. Nesse sentindo, tem-se estudado algumas alternativas não farmacológicas para a melhora do bem-estar, como a estimulação multissensorial, que possui benefícios incalculáveis para o cérebro, podendo auxiliar positivamente o tratamento do processo de demência. Sendo assim, muitas pessoas têm procurado as Instituições de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) como uma alternativa mais adequada, que pode ser de grande ajuda se o local for comprometido à estimulação dos residentes.
A saúde do paciente sempre deve estar em primeiro lugar. Por isso, é fundamental que, desde o diagnóstico, sejam criteriosamente escolhidos os métodos mais apropriados entre as clínicas, residenciais geriátricos e profissionais especializados no assunto.
Gabriela de Oliveira é médica geriátrica formada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS) e possui especialização em Geriatria pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). É coordenadora do pronto atendimento do Hospital Pompéia, de Caxias do Sul.