A passagem do Dia do Trabalhador, no último dia 1º de maio, me fez refletir sobre o S do ESG. O S do Social. E dentro do Social temos diversos aspectos que podem ser explorados, mas aqui quero falar do colaborador que é um dos stakeholder (em português, públicos de interesse) das organizações.
A Serra Gaúcha é uma imensa empregadora. São milhares de empresas de pequeno, médio e grande portes. Um grande exemplo de trabalho árduo, inovação e competitividade para muitas outras regiões. Neste ano, um fato novo chamou atenção: o aumento de 288% no número de trabalhadores rurais com vínculo empregatício em comparação ao ano de 2023.
O acréscimo é resultado direto e positivo do Pacto pela Adoção de Boas Práticas Trabalhistas na Vitivinicultura do Rio Grande do Sul, assinado em maio de 2023, que tem como objetivo erradicar o trabalho análogo à escravidão.
No ano de 2023, havia pouco mais de 2 mil contratos formalizados. Esse ano, o número saltou para quase 9 mil contratos formalizados. Para o trabalhador, o mínimo assegurado. Para as empresas, gestão de riscos.
Quais riscos as empresas podem ter ao envolverem suas marcas com casos como esse?
Se formos pensar em termos de ESG, a regularização dos trabalhadores assegura menos riscos financeiros e reputacionais para as empresas. As empresas evitam de sofrer “cancelamentos” do seu público consumidor.
A notícia dos 288% de aumento nos contratos formais de trabalhadores rurais, os conhecidos safristas, é um alento e um alerta.
Cada vez mais, as empresas estão sendo cobradas para atenderem regras, padrões e princípios ESG. Cobranças que vêm das empresas maiores e, também, em poucos casos, do governo. As corporações multinacionais, as organizações de capital aberto e os grupos investidores exercem forte pressão na cadeia de fornecedores.
Então, por exemplo, uma empresa de capital aberto que compra grande quantidade de espumantes de uma vinícola todos os anos, passa a efetuar a due diligence para averiguar se a fornecedora está cumprindo, no mínimo, as leis trabalhistas e outras questões legais. Caso contrário, ela muda de fornecedor, porque ela não vai correr o risco de ter o nome associado a uma empresa que não se alinha com seus valores e com os valores de seus acionistas e investidores. Aqui, vale a máxima “ou vai ou racha”.
As empresas precisam entender que ESG não é beneficente. ESG é competitividade!
Parabéns trabalhadores!
Ana Laura Paraginski é empreendedora, facilitadora e consultora ESG na Engenharia ESG – Sustentabilidade Efetiva.