Dar limites é respeitar o espaço de mobilidade que eu me permito ter. É a proteção ao redor de mim que construo. Ou, o respeito ao outro, que ele direciona e eu mantenho.
É a demarcação necessária para uma relação saudável. É o espaço para respirar, para deixar ventilar, para nutrir, criar forças, reprogramar...
Dar limites não é falta de amor, é o início da construção do amor consigo mesmo.
Como é dar limites para o outro? Sabemos que quem dá limites sabe que pode receber também... que seja leve absorver o limite do outro.
Dar limites é solicitar que o outro respeite minhas decisões, meu espaço.
As pessoas invadem a vida do outro. Seja nas questões do trabalho ou da vida pessoal. Acreditam que só a opinião delas valha, não respeitando a maneira de agir e de enxergar do outro.
Tudo passa a ser um espaço de ninguém, ou melhor, de quem tem mais força, não mais equilíbrio ou serenidade.
Ser solicitado a respeitar o espaço e as decisões do outro, quando invado demais, pode bater como desamparo, até aprender a respeitá-lo como um ser que pode ter suas opiniões e direcionamentos. E que acima de tudo não é contra mim, mas em prol do cuidado dele com ele mesmo.
Que espaço me pertence? Esse questionamento, quando se trabalham limites, emerge naturalmente. Importante cada um olhar dentro de si para conectar se invade ou se se deixa invadir demais.
Seja no ambiente de trabalho ou na vida pessoal, existem muitas intromissões. Uma pessoa, ao descobrir que necessitava respeitar mais as outras com as quais convivia, dizia: “Sei que preciso segurar minha língua quietinha na minha boca, mais do que faço hoje.”
Receber limites do outro é desafiador: uma porque, se ele não está acostumado a dá-lo, pode sair até agressivo. Outra porque, como nunca demarco, quando o faço, é estranho e não tão bem aceito quanto eu gostaria.
Dar e receber limites é o equilíbrio se construindo, é o respeito a mim e ao outro que precisa existir.
Que limite faz falta? Qual limite é mais difícil? Sem dúvida, o que eu nunca dei e de repente compreendo que é hora de dar. Talvez não seja aceito como imagino. É novidade, e o outro não está pronto para absorvê-la. Mas, tanto quanto novo, se faz necessário. Com afeto, com cuidado, o limite precisa ser estabelecido.
Determinar onde o outro pode entrar ou não na minha vida é organizador, me coloca no meu lugar e coloca o outro no lugar dele. Faz com que eu respeite meu espaço e o outro o respeite também.
A sua vida merece respeito. E a do próximo também.
Respeite seu espaço!
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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