Caxias do Sul 24/11/2024

O primeiro e o próximo teatro de Caxias do Sul

A futura MAESA permitirá o fortalecimento da oferta cultural na cidade
Produzido por Bruno Pereira, 15/08/2022 às 11:40:31
Foto: Claudio Roberto

Tive o prazer de conhecer recentemente alguns dos livros publicados por Marcos Fernando Kirst, a saber, “Ecos do Passado” (2016) e “O Ocaso da Colombina - A Breve e Poética Vida de Vivita Cartier” (2019).

Foi um verdadeiro privilégio iniciar a leitura dos referidos livros durante os estudos de viabilidade da MAESA. Como não nos permitiremos realizar um trabalho de baixa qualidade, pois esse não é o nosso negócio, a contínua reflexão sobre o passado e o futuro de Caxias do Sul, que vem sendo realizada por nós desde meados de 2016, mantém-se durante o semestre em que desenvolveremos os estudos de viabilidade da futura PPP (leia matéria detalhada sobre o tema AQUI).

Foi com grande alegria que, antes das 100 páginas iniciais do livro sobre Vivita Cartier terem sido concluídas, descobri que o primeiro teatro de Caxias do Sul foi inaugurado em 1884 e que o seu primeiro cinema já estava operacional em 1913. É de algum modo impressionante que a então Vila de Santa Tereza de Caxias, nos seus primórdios, já tivesse um teatro. Trata-se de um fato que ilumina o futuro da MAESA.

Assim como o Brasil não nasceu em 1500, Caxias do Sul tem muito mais do que 130 anos, pois esses dois territórios, parcialmente coincidentes, foram construídos por pessoas que carregavam, desde inúmeras gerações ancestrais, referências culturais, estéticas, gastronômicas e éticas acumuladas desde muitos e muitos séculos atrás.

Se o Brasil reflete Portugal, que tem as fronteiras mais estáveis da Europa e que completarão 900 anos em 2028, Caxias do Sul também “existe” há muitos séculos, pois os imigrantes carregavam não apenas suas idades biológicas, mas sim legados de gerações de antepassados, preponderantemente do norte da Itália, região rica em tradições, não apenas italianas, mas também austríacas, como revelam as conexões da cidade de Tirol com o importante empreendedor da Serra Gaúcha no final do século XIX, Rodolfo Félix Laner.

Acreditamos que, no âmbito dos estudos sobre a PPP da MAESA, será necessário reforçar para a população de Caxias do Sul, depois de mais de 100 anos de árduo trabalho, o papel da cultura, da criatividade, da solidariedade e das experiências e engajamentos que transcendem o meramente pragmático.

Acreditamos que a MAESA pode, sim, comportar um espaço multiuso, para aproximadamente 1.500 pessoas, tornando-se o local privilegiado para que haja oferta teatral de alta qualidade, assim como concertos de todos os gêneros musicais, conferências, seminários, filmes, eventos corporativos e de interesse público.

É sempre importante lembrar que diversas cidades brasileiras já superaram seus desafios, em outras circunstâncias e cada uma à sua maneira, para a revitalização de seus patrimônios imobiliários industriais total ou parcialmente tombados. Cabe mencionar aqui Piracicaba (407 mil habitantes, SP), Juiz de Fora (573 mil habitantes, MG) e São Roque (92 mil habitantes, SP) que, respectivamente, têm seus equipamentos culturais Engenho Central, Centro Cultural Bernardo Mascarenhas e Brasital.

Experiências inspiradoras plenamente operacionais, algumas públicas e outras privadas, podem ser conhecidas sem a necessidade de que sejam cruzadas as fronteiras do país.

A finalidade do artigo é tornar palpáveis, pela história e em função de casos reais existentes, que, sim, a revitalização da MAESA é amplamente possível e ocorrerá conforme o desejo da cidade e dos cidadãos eleitos para o mandato 2021-2024. Será um legado que impactará centenas de milhares de pessoas e muitas gerações.

Bruno Pereira é cofundador da Radar PPP (acesse o site AQUI), consultoria que lidera um dos grupos habilitados pelo poder Executivo de Caxias do Sul a elaborar os estudos de viabilidade e ocupação da MAESA, no âmbito de futura concorrência pública de Parceria Público-Privada (PPP).

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