Caxias do Sul 12/03/2025

O Direito e o esgotamento

O empresário também precisa obedecer limites
Produzido por Ciane Meneguzzi Pistorello , 12/12/2024 às 09:55:16
Ciane Meneguzzi Pistorello é advogada
Foto: Luizinho Bebber

No mundo corporativo, onde decisões rápidas e estratégicas moldam os negócios, o empresário carrega o peso de diversas responsabilidades: gerenciar equipes, cumprir metas, manter a saúde financeira da empresa e, ainda, lidar com as complexas relações trabalhistas. É um ambiente que exige atenção constante e, muitas vezes, ultrapassa os limites do saudável, não apenas para os colaboradores, mas também para quem lidera.

E é aqui que mora o perigo. A busca incessante por resultados, sem a devida atenção aos sinais de desgaste, pode levar tanto empresários quanto seus times ao esgotamento. E, no contexto do Direito Empresarial e do Trabalho, ignorar isso não é apenas uma questão de saúde; é uma vulnerabilidade que pode custar caro.

O Esgotamento no Ambiente Corporativo

Empresas são organismos vivos e suas dinâmicas internas refletem diretamente na produtividade e nos resultados. No Direito do Trabalho, vemos com frequência disputas envolvendo jornadas extenuantes, assédio moral, sobrecarga de funções e outros fatores que contribuem para ambientes tóxicos. Não raro, essas condições acabam gerando passivos trabalhistas significativos.

Mas o empresário não está imune. Liderar sem estabelecer limites próprios pode levar ao mesmo caminho de exaustão que afeta os colaboradores. O que começa como dedicação extrema pode evoluir para decisões precipitadas, falhas de gestão e impactos negativos na saúde do negócio.

O Direito como Ferramenta de Prevenção

Uma boa gestão empresarial não é apenas sobre inovação ou lucro. É também sobre criar estruturas que protejam tanto a empresa quanto as pessoas que a compõem. Nesse ponto, o Direito Empresarial e do Trabalho desempenham um papel crucial.

Estabelecer políticas claras, como controle de jornadas, programas de compliance e treinamento para líderes, não é apenas uma forma de evitar passivos. É também uma estratégia para promover um ambiente sustentável, onde o crescimento é acompanhado de equilíbrio.

Além disso, o empresário que investe em segurança jurídica para suas relações de trabalho demonstra maturidade e visão de longo prazo. Afinal, empresas que cuidam de seus times têm maior retenção de talentos, menores índices de litígios e, consequentemente, melhores resultados.

Cuidar de Si para Cuidar do Negócio

A liderança empresarial é desafiadora, mas precisa ser sustentável. Assim como uma empresa saudável depende de um ambiente corporativo equilibrado, um líder eficaz precisa cuidar de si mesmo para tomar decisões assertivas. Reconhecer os próprios limites e delegar responsabilidades não é fraqueza, mas sabedoria.

Mais do que isso, é um exemplo que reverbera na cultura organizacional. Quando o líder prioriza a saúde – sua e de seus colaboradores –, constrói um espaço onde produtividade e bem-estar caminham juntos. Isso não só previne problemas trabalhistas como fortalece a imagem da empresa no mercado.

Um Convite à Reflexão

O Direito Empresarial e o do Trabalho não existem apenas para resolver conflitos, mas para preveni-los. E, no centro de tudo, está o equilíbrio. Empresas que se preocupam com as condições de trabalho e com a saúde de seus líderes e colaboradores têm mais chances de prosperar, não apenas em números, mas em reputação e longevidade.

Como advogada empresarial, vejo que o maior desafio dos negócios modernos não é apenas crescer, mas fazê-lo de forma sustentável. E isso começa com um simples questionamento: você, como líder, está cuidando da sua empresa sem esquecer de si mesmo? Afinal, liderar é também estabelecer limites – para o bem de todos.

Ciane Meneguzzi Pistorello é advogada, com pós-graduação em Direito Previdenciário, Direito do Trabalho e Direito Digital. Presta consultoria para empresas no ramo do direito do trabalho e direito digital. É coordenadora do Curso de Pós-Graduação Latu Sensu em MBA em Gestão de Previdência Privada – Fundos de Pensão, do Centro Universitário da Serra Gaúcha – FSG.

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