Caxias do Sul 19/04/2025

O dilema do comércio frente aos indexadores de aluguéis

Entidade defende IPCA como índice a ser utilizado e considera abusivo o aumento com base no IGP-M
Produzido por Daniel Amadio, 12/05/2021 às 08:49:52
Foto: DIVULGAÇÃO

Já faz mais de um ano que assistimos ao comércio varejista enfrentar todo tipo de desafio diante de uma pandemia global avassaladora em todos os sentidos. A vida de pessoas e empresas nunca esteve tão à mercê de um vírus capaz de frear a vida de crianças, jovens, adultos e idosos e também de empresas.

Podemos dizer que empresários e consumidores mataram um leão por dia, tamanha tem sido a persistência dos problemas gerados em função da pandemia. É um efeito cascata que tem colocado todo mundo no mesmo barco.

Nossas lojas permaneceram fechadas por semanas. A cada sete dias, novos protocolos foram sendo apresentados e novos desafios foram sendo superados. Limpeza redobrada dos ambientes, funcionários e consumidores de máscara, o uso do álcool em gel e o distanciamento, além do controle no número de pessoas por metro quadrado, têm sido a rotina do comércio há mais de 12 meses.

É um abre e fecha sem precedentes que gerou muita insegurança, tanto por parte dos empresários, quanto dos comerciários e também dos consumidores. Porque sem venda, não há receita e sem receita, é impossível pagar salários, fornecedores, custos fixos como o aluguel, por exemplo.

Agora, o setor encara o dilema do reajuste do aluguel, que tem como indexador o IGP-M, o que significa que os valores aumentarão além de 30%. Não podemos concordar com este tipo de reajuste. Está fora dos padrões, além do custo de vida dos brasileiros.

Por isso, junto com o Sindilojas de Belo Horizonte e outras 30 entidades, defendemos o Projeto de Lei 1026/21, de autoria do deputado Vinícius Carvalho, de São Paulo, que sugere que a base de cálculo seja baseada no IPCA. Estamos falando de uma medida justa para ambos os lados.

Os índices tradicionais dos contratos de aluguel fecharam o mês de março com valorização de 31,1% para um período acumulado de 12 meses. Bem acima dos 6,10% acumulados do IPCA, o que não retrata a reposição da moeda, mas sim um aumento real no valor do aluguel.

Representamos mais de 600 CNPJs que empregam quase 7 mil pessoas e não podemos deixar que essas empresas percam mais esta queda de braço. Acreditamos que o bom senso deva imperar. Afinal, a situação financeira das empresas é grave e o momento é inédito e crítico.

Daniel Amadio é presidente do Sindilojas Regional Bento e vice-presidente da Fecomércio-RS