Quantas vezes você consultou o manual do proprietário do seu carro? Aliás, quando foi a última vez que procurou o livreto no seu porta-luvas? E aproveite para conhecê-lo antes que suma e passe a estar disponível apenas na internet.
Cada vez menos mencionado e acessado, o manual do proprietário é importante documento que faz parte dos veículos. Idealizado para servir de orientação aos motoristas que os conduzem, contém todas as informações sobre o funcionamento dos itens do veículo e também como devem se comportar para que possam prestar o melhor serviço e ajudá-los a estender o prazer que oferecem nos deslocamentos.
É importante salientar que o manual do proprietário não é um item para ficar guardado e esquecido no porta-luvas e somente contar com uma breve leitura quando ocorre algum problema imprevisto. Não. Quando uma pessoa adquire um veículo, deve incluir a sua leitura entre as ações para melhor conhecer e desfrutar de suas características.
Por mais absurdo que possa parecer a minha fala, cada dia é mais importante que o usuário utilize e consulte o manual do proprietário porque os carros de hoje possuem muito mais equipamentos eletrônicos e tecnologias do que os veículos de 10 ou 20 anos atrás.
Alguns desses equipamentos entram em operação sem qualquer intervenção do motorista, como start-and-stop, mas mesmo o piloto automático varia de montadora para montadora ou até mesmo de modelo para modelo e requer alguns instantes de atenção para que se aprenda como usá-lo.
Mas outros demandam explicação para a correta e assertiva utilização, como os sistemas Parking Assist de estacionamento automático, Lane Assist de alerta de mudança de faixa, Brake Assist de frenagem de emergência quando o carro se aproxima de outro que vai à frente ou de um obstáculo, evitando a colisão.
Todos esses sistemas são itens de condução semiautônoma que a cada dia estarão mais presentes nos veículos pela segurança e bem-estar que proporcionam para prevenção e redução de acidentes.
Muitos trabalham interligados e funcionam por meio de câmeras e radar, monitorando a presença de obstáculos, veículos e até pedestres e ciclistas ao redor do veículo.
Quer um exemplo de como o manual do proprietário pode ajudar? Recentemente, um dos meus filhos viajou para o exterior e alugou um carro convencional. Mas na hora da retirada do veículo, a locadora forneceu um modelo superior e com tecnologia híbrida.
No momento de sair com o veículo do pátio da locadora, o carro simplesmente não conseguiu sair do lugar, porque meu filho não achou a alavanca de câmbio para acionar o D de drive. Ela não estava no console central, como nos habituamos a ver. Estava na coluna de direção de maneira discreta na posição na qual hoje acionamos o limpador do para-brisa e do vidro traseiro.
Nessa mesma viagem, o sistema de Lane Assist não somente alertava sobre a mudança de faixa como freava o veículo, o que causou surpresa e susto aos ocupantes.
O painel de instrumentos também informava a velocidade permitida em cada trecho das estradas e a mudança era automática e imediata. Assim que passava pela placa de 90 km/h, a informação era mostrada no painel. E se a velocidade permitida mudasse para 70 km/h, o visor no painel mudava imediatamente. Até em trechos com equipe de reparos trabalhando, a velocidade menor era mostrada no painel.
Quanta modernidade!
Manuais são de fundamental importância aos proprietários (Foto: Divulgação)
Pela fundamental importância que o manual do proprietário sempre teve em minha vida, recorri à ajuda de um companheiro de trabalho, Nelson Luiz Otti, engenheiro que começou a trabalhar na elaboração dos manuais de proprietário no Departamento de Serviços da Ford, desde 1997, quando deu largada a uma série de edições que tiveram início com o Ford Fiesta e, pelo nível de qualidade que deu ao manual, foi promovido ao comando da produção desse importante documento. No total, Nelson Otti foi responsável por uma série de 14 edições de manuais de proprietário.
Extremamente rigoroso no cuidado com as informações que recebe e transmite para que tudo seja perfeito, Nelson Otti considera o manual do proprietário um importante item porque ajuda os motoristas a conhecer as peculiaridades de cada modelo, os itens de manutenção, cuidados com o veículo e a sua condução, seu uso adequado, detalhes técnicos, como proceder com a simples troca de lâmpadas, fusíveis, alinhamento de direção, balanceamento das rodas, períodos de troca de óleo e reabastecimento de combustíveis, o que é coberto pela garantia e o que passa a ser de responsabilidade do proprietário.
Nelson Luiz Otti considera a edição de um manual do proprietário um trabalho gratificante e que deve ter a sua produção por pessoas que amem veículos, que sintam paixão por conhecer a fundo como são projetados e produzidos, como se fosse uma aventura plena de novos sistemas, produtos inéditos que causem interesse e até emoção pelo fato de estar entre os primeiros a tomar conhecimento das novidades a cada ano introduzidas em cada veículo.
Da mesma forma, o autor precisa indicar, de forma correta e simples, a localização de cada comando e que, no painel de instrumentos, as luzes correspondentes também sejam de fácil identificação. Nelson considera, pela preocupação com a segurança, que os motoristas tenham a facilidade de memorizar em que local do veículo estão instalados os comandos de todos os sistemas, para imediato acesso quando necessário.
Independentemente da paixão que sente pelos veículos e da importância que atribui ao manual, considera que a versão impressa está com os dias contados, a exemplo dos jornais, revistas e outros produtos impressos pelo clamor global pela preservação ambiental, afinal, a internet já produz manuais eletrônicos que podem ser acessados instantaneamente.
Também lembra que o acesso aos comandos será, quase integralmente, feito com o veículo em movimento e, por isso, as informações devem ser muito claras para a mais perfeita compreensão do condutor, sem comprometer a sua atenção ao volante.
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Luiz Carlos Secco trabalhou, de 1961 até 1974, nos jornais O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde, além da revista AutoEsporte. Posteriormente, transferiu-se para a Ford, onde foi responsável pela comunicação da empresa. Com a criação da Autolatina, passou a gerir o novo departamento de Comunicação da Ford e da Volkswagen. Em 1993, assumiu a direção da Secco Consultoria de Comunicação.
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