Fui mãe aos 21 anos e, apesar de jovem, foi uma gravidez planejada e muito desejada porque sempre foi meu desejo experimentar a maternidade. Sim, ser mãe era um dos meus desejos na juventude, além de querer ter uma carreira profissional. Conciliar as duas ocupações era, aos olhos de uma jovem adulta, algo perfeitamente possível.
Em 11 anos, a idade do meu filho Pedro, não mudei de opinião a esse respeito. Só me aprofundei mais na questão e posso dizer sem exagero que é possível sim, mas não é nada fácil.
Só voltei a trabalhar quando meu filho tinha 3 anos, uma condição privilegiada, admito, que a maior parte das mães que trabalham não tem. Foi difícil sim, porque se afastar dos filhos é algo muito penoso. Mas ao mesmo tempo senti que era importante para mim como indivíduo, pois a maternidade é uma experiência muito boa, mas a gente acaba focando demais nos filhos e se deixa de lado. Isso desequilibra sua vida.
Com mais de uma década sendo mãe, eu poderia dizer que consigo equilibrar todos os meus afazeres profissionais e maternais perfeitamente. Nada disso. É duro admitir, mas a realidade é outra. Há dias em que tudo flui maravilhosamente bem. Mas aí vêm aqueles em que simplesmente nada acontece como deveria. É frustrante, mas não é o fim do mundo.
Sinto que o maior desafio para a mãe inserida no mercado de trabalho é estar 100% presente em cada instante. Parece fácil, mas não é. Muitas vezes, estou na fábrica e o pensamento voa longe até o Pedro, em especial naquelas épocas em que toda criança tem alguma virose desconhecida, por exemplo. Outras vezes estou em casa, mas o pensamento está conectado ao trabalho, na viagem para ampliar a exportação ou na renegociação de contrato em curso com um fornecedor.
Eu, como toda mãe inserida no mercado de trabalho, procuro fazer o melhor que consigo quando estou com meu filho, o que acontece sempre que posso ou minha agenda permite. Meu trabalho em uma fábrica de peças e componentes automotivos envolve coordenar pessoas, participar de reuniões e viagens ao exterior, além da constante necessidade de atualização quando faço cursos, assisto palestras e passo por treinamentos.
Enfim, tantas responsabilidades e planos em minha vida, todas exigindo minha atenção completa. Um lado, a agenda aponta meus compromissos. No outro, o som da palavra “mãe” clama pela minha atenção. O fato é que dói a sensação de estar sempre dividida, mas, ainda assim, vale a pena.
Meu filho já está com 11 anos e isso abre a oportunidade de conversarmos em um patamar melhor. Meu pré-adolescente escuta minhas explicações quando meu tempo com ele é mais curto do que nós dois gostaríamos. Tem dias em que ele é compreensivo, tem outros que sua frustração é grande. Ele só tem 11 anos e é minha companhia favorita.
Dia 12 de maio é o dia das Mães. Se eu pudesse falar para uma mãe de primeira viagem algo importante, eu diria: não se cobre muito. Seja gentil consigo mesma e tenha calma. Por vezes, está tudo bem em se sentir perdida. Pedir ajuda se precisar não é sinal de derrota, mas somente um lembrete de que você é humana. No trabalho e na maternidade, você não está sozinha.
Aproveite cada segundo com seus filhos, mas nunca se esqueça de si mesma.
E o mais importante é que não existe um jeito certo de ser mãe. Inclusive, você vai ter de inventar o seu. Eu invento o meu a cada dia, há 11 anos.
Camila da Silva Brezolin é mãe de Pedro, de 11 anos, e sócia-diretora da RAV Correntes (São Marcos – RS).