O câncer de próstata é o segundo mais comum entre os homens, devendo atingir mais de 190 mil brasileiros entre os anos de 2020 e 2022, segundo o Instituto Nacional do Câncer.
Sua evolução pode ser lenta e silenciosa, levando tempo até ser diagnosticado. Além dessa característica, a doença também ainda está envolta em mitos e receios que, com os avanços da medicina, hoje não são mais uma realidade.
Há temores, por exemplo, de que o câncer, bem como seu tratamento, possa trazer prejuízos ao controle urinário e às funções sexuais. No entanto, a ciência tem evoluído muito nesse campo, trazendo oportunidades de manejo e terapias que asseguram a qualidade de vida do paciente.
Com a medicina de precisão, é possível fazer procedimentos com tecnologias avançadas como a cirurgia robótica, garantindo os melhores desfechos, um pós-operatório com menos dor e uma recuperação mais rápida. Exemplo disso é um protocolo que desenvolvemos no Hospital Moinhos de Vento: de forma inédita, pacientes selecionados têm conseguido ir para casa sem a sonda no pênis, retirada 24 horas após a cirurgia da próstata — antes, em média, o tubo permanecia por sete a dez dias.
O trabalho, publicado no British Journal of Urology, mostrou ainda resultados muito positivos após a remoção do câncer, com taxas de controle da urina e ereções em 95% e 81% dos pacientes em três meses, respectivamente. Contra os tumores com metástases, também temos importantes avanços: em agosto, utilizamos, pela primeira vez no Estado, terapia guiada por imagem com o radiofármaco Lutécio 177-PSMA. A medicação mata apenas as células do câncer de próstata e preserva as sadias.
As conquistas da medicina estão revolucionando a forma como enfrentamos o câncer de próstata: com alta tecnologia, intervenções personalizadas e menos invasivas, conseguimos melhores desfechos, preservando a saúde e a qualidade de vida do homem. Temos novas e melhores armas contra a doença, mas tudo começa com a ação de cada um: cuidar-se, ter hábitos de vida saudáveis e fazer consultas e exames com regularidade.
André Berger é coordenador do Núcleo de Medicina Robótica do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre