Caxias do Sul 23/11/2024

Nanico pousa (Parte III)

Segue a saga suma de Nanico Pipetta, aparentemente aparentado daquele Nanetto, em terras italianas agora pousadas
Produzido por Paulo Damin, 23/02/2024 às 06:31:57
Paulo Damin é escritor, professor e tradutor em Caxias do Sul
Foto: ARQUIVO PESSOAL

No capítulo anterior, deixamos o Nanico dormindo enquanto estudava italiano. Agora o avião estava chegando ao destino.

O Nanico aprendeu tão bem o italiano que incorporou inclusive o latim. Acordou declamando Virgílio:

Litoreis ingens inventa sub ilicibus sus

triginta capitum fetus enixa iacebit,

alba, solo recubans, albi circum ubera nati:

hic locus urbis erit, requies ea certa laborum…

Ou seja – traduziu a comissária de bordo, entrando na biblioteca:

Verás uma grande porca branca

sob os carvalhos na beira do rio,

com trinta porquinhos branquinhos mamando:

ali é o lugar onde descansarás…

A profe não teve tempo de criticar a tradução, já que a comissária veio avisar “o casalzinho” de que estavam chegando em Milão.

Casalzinho? – retrucou a Leona – A gente só se deu uns amassos linguísticos.

E o Nanico a acompanhou na negação:

– Olha bem se eu vim pra Itália namorar uma brasileira!

Ítalo-brasileira – a Leona corrigiu –. Graças ao escritório Chiassi & Fracassi.

Que coincidência – disse o Nanico –. Eu também obtive a cidadania italiana graças ao escritório Chiassi & Fracassi.

– Você sabia, Nanico, que o escritório Chiassi & Fracassi tem cinquenta anos de experiência?

– Oh, sim, Leona. E você sabia que ele foi eleito sete vezes o melhor escritório das Grotas?

Pena que o escritório Chiassi & Fracassi só patrocinou este folhetim a partir do terceiro capítulo. Se tivessem aparecido antes, eu podia ter passado o contato deles para o desconhecido em troca da carona que ele deu pro Nanico, lá no começo da história.

Agora somos obrigados a ver o Nanico cumprir a promessa de ir até Pedavena procurar os documentos daquele cara.

Mas pelo menos o escritório Chiassi & Fracassi convenceu a Leona a acompanhar o Nanico até o Vêneto. Parece que prometeram depois um trampo de babá pra ela em Milão.

Ué! – disse o Nanico –Tu não é professora?

Quieto! – ela cutucou – Se eles ficam sabendo que eu fiz faculdade, não me dão trabalho.

Decidiram ir de trem pra Pedavena. No aeroporto mesmo tinha uma estação: ah, o sistema de transportes do País da Cocanha.

A Leona foi ao banheiro enquanto o Nanico foi comprar as passagens. Ou pelo menos era esse o combinado…

(Continua...)

Paulo Damin é escritor, professor e tradutor em Caxias do Sul.

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