Uma das peças mais desprestigiadas pelos donos de carros e que quase nunca recebe manutenção ou cuidados, o limpador de para-brisa é sim um item de segurança e fundamental para a perfeita visibilidade do condutor e dos ocupantes de um veículo.
E é justamente nesta época do ano, de férias e muita chuva em algumas regiões do país, que as pessoas descobrem, pelo jeito ruim, a importância dos limpadores. Infelizmente, quando ligam o equipamento e ele não limpa devidamente o para-brisa, atrapalha a visão ou trepida, fazendo barulho e deixando sombras ou “rastros” que distorcem a imagem vista.
Imaginem então se essa situação ocorrer durante a noite, debaixo de chuva em uma estrada mal sinalizada ou de mão dupla com o ofuscamento do farol do carro que vem em sentido contrário.
Ao longo da maior parte da utilização de um veículo, os limpadores de para-brisas ficam inertes, imóveis, expostos ao sol e sujeitos aos efeitos das sujeiras e da poluição.
A grande maioria dos motoristas só reconhece a sua importância quando chove e, principalmente, à noite, ao ligar o sistema, o motorista pode ser surpreendido ao perceber que não funciona ou que, em vez de limpar corretamente, o para-brisa forma uma névoa que compromete a sua visibilidade.
Dessa forma, em vez de ajudar, transforma-se em risco para a segurança.
Lembro que a importância do limpador de para-brisa foi descoberta por uma mulher, a norte-americana Mary Anderson que, em 1902, durante um passeio de bonde em Nova York, percebeu o trabalho de um motorneiro (o condutor do veículo), que interrompia a viagem para ir à frente do bonde, para eliminar a neve acumulada no vidro que comprometia a sua visão.
Limpador de para-brisa é item fundamental de segurança (Foto: Divulgação)
Durante a viagem, Mary, aos 46 anos de idade, começou a pensar em modernizar o procedimento para maior conforto e segurança do condutor e dos passageiros e, ao regressar à sua casa, em Birmingham, no Alabama, fez o projeto de um conjunto formado por uma lâmina de borracha movimentada por braços de madeira comandados por uma alavanca dentro do bonde. No ano seguinte, Mary obteve a patente, mas não conseguiu vender seu projeto a nenhuma empresa.
Lembro também que, com meus oito anos de idade, no começo da década de 1940, numa viagem ao interior de São Paulo, levado pelo meu pai, viajei em uma jardineira que possuía um limpador de para-brisa semelhante ao de Mary, comandado por uma alavanca no alto do para-brisa no interior do veículo.
Mary era uma mulher muito à frente de seu tempo, criativa e independente, o que não era bem-visto pela sociedade. E somente na década de 1910 a Ford e a Cadillac adaptaram os limpadores a seus carros.
O engenheiro George Norio, gerente da empresa Trico (a pronúncia é Traico), uma das principais produtoras de limpadores de para-brisas, esclareceu que esses equipamentos são importantes itens de segurança, principalmente à noite e com chuva e que, por isso, precisam ser cuidados com muito rigor.
Norio orienta os proprietários de veículos para adotar a sua manutenção, usando aditivo no reservatório de água e, na média de duas vezes por semana, esguichar a mistura ao para-brisa para manter as borrachas sempre macias e sem ressecamento e, assim, terem maior durabilidade e eficiência em seu uso. E também evitar a surpresa de, ao precisar delas, perceber que não funcionam ou que não limpam corretamente.
Engenheiro George Norio dá dicas para preservar as palhetas (Foto: Divulgação)
O engenheiro considera importante trocar as palhetas uma vez por ano e, ao substituí-las, não dar preferência às de preço menor e, sim, às de reconhecidas marcas e realizar a compra em concessionárias autorizadas ou em lojas de autopeças de renome para ter certeza de que são produtos de qualidade.
Ele comenta que hoje até em semáforos tem gente vendendo palhetas de limpador de para-brisa, o que representa um grande risco, pois a instalação é feita às pressas e o vendedor não tem experiência ou treinamento.
Segundo ele, o ideal é comprar os limpadores em uma loja, para poder conferir o padrão de qualidade do produto. Os melhores produtos têm borracha macia. Se o material for rijo, indica que existe plástico em excesso na composição do limpador, o que deve ser evitado.
Norio recomenda as seguintes providências para a compra e a manutenção da eficiência dos limpadores de para-brisa:
1) Adquirir palhetas originais de fábrica em lojas de renome ou nas concessionárias autorizadas, evitando a compra em semáforos ou em lojas desconhecidas;
2) Exigir que o produto seja de marca de prestígio no mercado;
3) Examinar a qualidade da haste, metálica ou de plástico, que pressiona as lâminas de borracha sobre o para-brisa para a maior eficiência na limpeza;
4) Fazer o mesmo com as lâminas de borracha, para avaliar a sua maciez e evitar as peças duras por conterem plástico em excesso na sua formulação;
5) Adotar o hábito de adicionar aditivo à água do reservatório e, na média de duas vezes por semana, esguichar o líquido ao para-brisa e movimentar as palhetas para mantê-las sempre em perfeito funcionamento;
6) Evitar comprar de fornecedores de origem duvidosa e procurar sempre um fabricante com sede no Brasil, pois o consumidor corre o risco de não ter a garantia da peça e das consequências que a má qualidade do produto pode ocasionar.
7) Por ser um item de segurança, o mau estado da palheta pode ocasionar multa e até apreensão do veículo, segundo o Contran.
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Luiz Carlos Secco trabalhou, de 1961 até 1974, nos jornais O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde, além da revista AutoEsporte. Posteriormente, transferiu-se para a Ford, onde foi responsável pela comunicação da empresa. Com a criação da Autolatina, passou a gerir o novo departamento de Comunicação da Ford e da Volkswagen. Em 1993, assumiu a direção da Secco Consultoria de Comunicação.
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