Me atrevo a dizer que sobre o amor tem muitos direcionamentos, pensamentos e até divergências. Aí questiono: o que é amar saudável?
A busca por amar ou acreditar que o amor se amarra em visões distorcidas do ser humano envolve o dia de muitas pessoas, que procuram ardentemente amor da maneira atrapalhada que for, que aprenderam, que construíram em si, mas incansavelmente tentam encontrá-lo.
Que amor é esse que maltrata, que sufoca, que deixa um sentimento de desvalor, causando dor e confusão por onde passa?
Que amor é esse que não oferece um copo d’água, que não acolhe, que deixa as pessoas sem direção. Que cobra de mil maneiras por algo que ele próprio não consegue alcançar?
Que amor é esse que te reduz, ou que te deixa preso na dependência e não te dá asas para os teus sonhos e projetos? Que não deixa você crescer?
Amor que amplia horizontes ou os reduz, que fornece subsídios para o crescimento do parceiro e da relação, ou que o encolhe na insignificância, na submissão e na desvalia, ou na carência e, assim, se deixa enganar, se confunde e, assim, segue.
Diante disso, questiono: que amor você aprendeu? Quais as formas de amar você construiu em si? O seu amor sabe dar limites, ou faz tudo, até o impossível, para garantir um lugar no desejo do outro? O seu amor constrói com verdade, entendimento? Acredita na mudança, na amplitude de pensamentos e sentimentos, ou fica preso no outro (no que ele diz e pensa)?
Amor ao outro ou a você, onde começa, qual o início de tudo? Antes de amar o outro, você precisa aprender a se amar, a se cuidar, a se nutrir de vida, de entendimento e de acolhida.
Você ama como viu, como sentiu as pessoas próximas a você agirem e se relacionarem. Percebeu que elas apenas foram fonte de inspiração para repetir, ou lhe forneceram condições para fazer diferente, amar de outra maneira e, assim, cuida como não aprendeu, como ninguém lhe ensinou, como transformou...
Uma coisa é certa: ele amou como sabia, como desenvolveu, como lhe instruíram e como construiu dentro de si o significado desse amor. Você também ama dessa maneira. Eu amei e ainda amo dessa forma – a maneira com que me construí e que reverberou em mim.
Por isso é importante entender que a forma de amar do outro pode ser diferente da sua, não porque ele quer, mas porque foi assim que ele aprendeu!
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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