O confinamento em si é algo muito simples de compreender: “Fique em casa e saia somente em caso de real necessidade”. E não é somente quanto à percepção do que pode ser uma “real necessidade de sair de casa”. Há diferentes níveis de comprometimento, de forma que as pessoas acabam praticando de diferentes maneiras tanto o distanciamento social ou o uso de máscaras, quanto a higienização de superfícies ou o uso de luvas ao tocar objetos em seu redor, e é este o elo mais fraco no complexo e encadeado sistema que pode impedir ou fazer com que o vírus chegue até cada um de nós.
Ao comparar-se dois grupos de profissionais cuja “real necessidade de sair de casa” acontece diariamente – tomando como exemplo os profissionais da área da saúde e os trabalhadores de supermercados –, fica evidente o contraste da diferença entre os cuidados adotados por cada grupo. Dentre o grupo de pessoas cujo local de trabalho é destino de pessoas contaminadas, as superfícies como maçanetas e corrimões são frequentemente limpas e as pessoas trabalham com equipamentos e traje de proteção. Já em supermercados, a preocupação em usar luvas e máscara é mais facilmente percebida em boa parte dos clientes do que entre os funcionários do estabelecimento.
No dia 2 de abril foi noticiado que um funcionário de um supermercado na cidade de Fairfield, Connecticut, foi testado positivo para a Covid-19. Prontamente o estabelecimento fechou as portas e iniciou-se o processo de higienização de seu interior e dos produtos lá dispostos, processo de limpeza que levou dois dias. O fato de que lá estava trabalhando uma pessoa contaminada e que esta pode ter contaminado algum colega de trabalho já torna tal supermercado um destino a ser evitado, mesmo após a intensa limpeza.
Ao mesmo tempo, em qualquer supermercado desta região, há trabalhadores e clientes assintomáticos levando o vírus consigo. Inevitavelmente mais trabalhadores de outros supermercados serão testados positivo e o importante é que, enquanto houver estabelecimentos fechados para desinfecção, haja outros abertos para atender à demanda do público.
Por isso, tão importante quanto vestir é saber tirar as luvas e máscaras da forma correta após sair do supermercado. É imprescindível que as luvas sejam descartadas antes de manusear a máscara. E a forma correta de descartar as luvas consiste em evitar que a pele das mãos toque a superfície externa das luvas, ou seja, para retirar a primeira luva belisca-se a superfície externa da luva na proximidade do punho, virando-se a luva do avesso enquanto a retira. Para remover a segunda luva, a mão já despida belisca o interior do punho da luva, virando-a também do avesso e descartando ambas no lixo.
Muitos dos trabalhadores da indústria já são habituados a usar EPIs – Equipamentos de Proteção Individual – como máscaras e luvas; a novidade consiste em passar a usá-los ao fazer compras no supermercado ou ao usar transporte público.
No dia 5 de abril, de acordo com a evolução diária dos números de casos graves – pela primeira vez o número foi menor que o do dia anterior – , o governador Cuomo, do estado de Nova York, comunicava que até então não houvera nenhum paciente que tivesse sucumbido à doença por falta de ventilador e leito à disposição e que estimava-se que esta capacidade de atendimento de casos graves se manteria acima da demanda por pelo mais dois dias, de acordo com a previsão de entrega e instalação de equipamentos ao longo dos próximos dias.
Enquanto no Brasil debate-se a forma e ritmo de retomada das atividade laborais, nos EUA, respeitando-se as peculiaridades de cada caso, havia (no início de abril) apenas cinco estados - Arkansas, Iowa, Nebraska, North Dakota e South Dakota - que ainda não tinham decretado Lockdown.
Felipe Atti dos Santos é natural de Caxias do Sul, engenheiro mecânico formado na UCS. Reside na Região Metropolitana de Nova York desde maio de 2019, onde trabalha como engenheiro de aplicação na filial americana da empresa KraftPowercon.
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