O coração acelerado queria sair correndo pra longe dele. A ânsia que não conseguia controlar se fazia presente.
Mostrava não saber seu lugar e nem onde ele deveria estar. Fixar residência era conseguir se direcionar, era resgatar a ansiedade que muito atrapalhava e que escondida ficava.
Irritado com tudo e com todos, seguia a se deslocar como se tivesse de carregar o mundo nas costas. Era muito além disso o que sentia, mas completamente sozinho permanecia.
Prosseguia nas divagações de algo que poderia acontecer, e isso gerava adrenalina, estresse e mais ansiedade.
A angústia se fazia presente na fala atrapalhada na boca seca, nas náuseas sentidas, na dificuldade de sentir o ar entrar pelas suas narinas. Até na dormência de partes do corpo, fazia-se sentir. Mas, na verdade, só desejava se esconder para que ninguém o visse, e assim passaria sem ninguém percebê-lo. Ah! Como desejava ser invisível...
Era ali que o passado, presente e o futuro se juntavam. O passado que não aprenderá a naturalizar e que seguia a persegui-lo. O presente que sofria inquestionavelmente. O futuro temido e desejado estava ali mostrando que também estava presente.
Assim, a sobrecarga do dia se fazia sentir. Mostrava um passado com muita angústia e um futuro com a tendência de ser imprevisível. Que falta faziam suas raízes, aquelas que poderiam seguir dentro dele, acolhendo-o e transformando tudo num leve sabor.
Sabemos que a ansiedade camuflada vai fazendo estragos na nossa vida, até estarmos prontos para ver seus sinais e cuidar deles. Não conseguir segurar a emoção é se perder em atrapalhações.
A ansiedade que te deixa acordado resolvendo supostos problemas. Te faz comer sem parar, não conseguindo se enxergar. Nesse estado, as preocupações vão ganhando espaço e te excluem de estar presente em ti mesmo. O medo vem como um fantasma a te prender e a aumentar. As somatizações consomem o corpo quando já é difícil parar. Os pensamentos negativos inundam a mente e é nesse momento que controlar o fluxo desses pensamentos torna-se imperativo. “O que fazer diante de tamanha afronta nesse se deixar levar”? Questionava ele.
Compreenda as suas causas, gritava em alto e bom som, uma voz escondida dentro dele! Mantenha exercícios físicos, atividades de lazer e, principalmente, reequilibre a sua mente. “Ah também!”, continuou ele, “diminua a carga de trabalho, te alimenta melhor, passa mais tempo com amigos e família”. Sabe aquelas pessoas que deixam paz no teu coração, muitos dizem que deixam bons registros para recomeçar.
Da ansiedade se cuida no dia após dia, com pequenas e valiosas atitudes e, principalmente, conscientizações. Se você aprendeu dessa maneira, não precisa ficar sempre nesse mesmo lugar, estacionado. Pode compreender mais, ir além. Permita-se...
O que auxilia no seu autoconhecimento é uma valiosa ferramenta para controlar a ansiedade. Afinal, você precisa se compreender para, só assim, alterar, modificar partes de sua vida, inclusive a ansiedade que te visita constantemente.
A ânsia, que vinha antes da realização, pouco a pouco se dissipava. E, assim, ele seguia...
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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