Sempre acreditei que nossa vida profissional encontra um sentido quando temos um objetivo que nos move. Foi a busca por algo maior que me fez, há cerca de 12 anos, questionar o rumo da minha carreira. Eu trabalhava em uma grande instituição financeira e a rotina era intensa, mas poderia ser resumida em conseguir clientes e alocar seu dinheiro nos investimentos que a instituição sugeria.
A instituição me proporcionava estabilidade, desde que eu cumprisse os objetivos dela. Mas um pensamento dominava a minha cabeça: e os meus objetivos? Ou, pior: e os objetivos dos meus clientes?
Alguns meses depois, viajei para Nova York. Na época realizava um MBA em Mercado de Capitais, que proporcionou uma ida às bolsas de valores americanas. O ano? 2008. O mês? Outubro. Quem conhece sobre mercado financeiro, sabe que esses dias estão cravados na história recente como o auge de uma das maiores crises financeiras de todos os tempos, que eu observava de perto.
E ao retornar vi o quanto o mercado brasileiro de investimentos estava décadas atrás do mercado americano. Nossos brasileiros não eram apresentados a investimentos que fizessem sentido para eles, e sim, somente para a instituição financeira.
A Safe Investimentos, então, foi meu objetivo virando realidade em 2009. O foco era conquistar clientes e mostrar a eles, em um mercado dominado pelas instituições financeiras tradicionais e seus produtos de investimento limitados, como poupança e CDBs, que cada um deles poderia investir melhor e alocar em outros produtos, mais qualificados.
Como todo o empreendimento, muitas foram as dificuldades que enfrentei no início. E, como toda a mulher, tive que desenvolver não só dentro de mim mesma a confiança de que eu era capaz, mas também desenvolver a confiança nos clientes, muitos acostumados a um mercado financeiro até hoje grande parte dominado pelos homens.
A baixa participação feminina segue até os dias de hoje, não só nas profissionais como também nas clientes. Do total de pessoas que investem em bolsa de valores e tesouro direto no Brasil, apenas 25% são mulheres. E na minha visão, não é por falta de recursos, ou por personalidade natural avessa ao risco. É porque falta a elas mais conhecimento sobre o mercado, motivação, identificação e empatia com a assessoria que as atende. E é isso que estamos propondo mudar no mercado, e também na vida de cada uma de nossas clientes.
Uma atenção especial, embora não exclusiva. Nesses mais de 11 anos de atuação, atendemos centenas de clientes mulheres que chegam em nosso escritório com baixo conhecimento financeiro, muito receio e relutância inicial em sair da poupança. E por isso, das que optam por investir melhor e abrem conta conosco, a massiva maioria delas inicia com perfil conservador.
Porém, é com um trabalho focado em mostrar a elas o que estão fazendo, como funcionam os investimentos, a importância e as vantagens e de investir e, principalmente, muita exclusividade e humanidade no atendimento, que elas vão adquirindo confiança a ponto de migrarem para aplicações menos conservadoras, por conta própria, ao longo do tempo.
Na Safe, a maioria de nossas clientes mulheres tem perfil moderado e agressivo – e acumulam retornos muito superiores ao CDI. Ainda por cima, elas são, em geral, pacientes, focadas no longo prazo e uma vez tomada a decisão, mudam menos de ideia e objetivos.
Muitos anos se passaram e meu objetivo, mais uma vez, é claro como foi na fundação da Safe. Sermos reconhecidos como um escritório de investimentos que ajuda as pessoas a rentabilizarem melhor os seus recursos e desenvolverem conhecimento financeiro, tratando a cada uma delas com exclusividade e humanidade. Esperando, assim, que todos tenham uma melhor jornada como investidores, e que cada vez mais mulheres se sintam seguras de conquistar sua independência financeira.
* Andreia Morello é sócia-fundadora da Safe Investimentos, de Caxias do Sul
