A dor ciática (ciatalgia) pode ser considerada mais um sintoma do que propriamente uma doença em si. O assunto voltou à tona quando, no início de janeiro, a cantora britânica Adele revelou cambalear durante as suas apresentações devido a esse quadro. A artista se queixa das dores desde os 15 anos de idade, quando teve a primeira hérnia de disco.
A dor ciática irradia ao longo do nervo ciático – considerado o maior do corpo humano, com origem na coluna lombar inferior e responsável em grande parte pela inervação sensitiva, motora e das articulações dos membros inferiores –, ou seja, desce por uma ou ambas as pernas a partir da lombar.
Ela acontece normalmente por compressão, inflamação ou lesão das raízes nervosas, acomete indistintamente homens e mulheres e sua frequência aumenta com o passar dos anos, visto que as estruturas da coluna vertebral sofrem desgastes. Sendo assim, a hérnia discal é patologia menos frequente em crianças e adolescentes, como no caso da cantora Adele.
Diferentemente do que está no imaginário popular, as doenças da coluna não são exclusivas dos idosos. Elas podem intentar qualquer idade, prevalecendo de acordo com cada patologia, a exemplo da escoliose, estenose, hérnia de disco e listese. As más formações congênitas frequentemente se manifestam logo após o nascimento ou em fases mais tardias, e as discopatias, que são as doenças decorrentes do disco, são mais comuns após os 40 anos.
São consideradas causas importantes para a compressão do nervo ciático e surgimento do processo doloroso: hérnia de disco, traumas, tumores, síndrome do músculo piriforme responsável pela rotação da coxa (espasmo muscular que comprime o nervo ciático), osteoartrite e deslizamento de vértebras (espondilolistese).
Para prevenir, é importante adotar algumas medidas como o fortalecimento muscular, controle de peso e ergonômico postural tanto na hora de dormir quanto nas atividades cotidianas e profissionais. Sem atenção médica, o quadro pode se agravar e causar complicações motoras associadas à dificuldade de força. Então, o diagnóstico precoce é muito importante no manejo do tratamento da condição.
Ramon Venzon Ferreira é ortopedista e traumatologista em Caxias do Sul
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