Como se derruba uma ilusão? Derrubar, desmanchar, desmontar, desconstruir, tudo isso para enxergar diferente, para substituir uma ilusão por outra, para viver uma desilusão...
Viver uma desilusão é entrar em contato com a frustração, e isso demanda rever projetos, sonhos, desejos e colocá-los por terra, para que possam alcançar um novo direcionamento, um novo sonho a se edificar, ou, quem sabe, uma nova maneira de enxergar e de nos dirigir para a vida, numa nova etapa que venha nos visitar.
E o que eu necessito para isso? Que ferramentas me ajudam a desmanchar o desapontamento de viver essa etapa, a frustração de não conseguir manter o devaneio? Que dores necessito visitar para transformar essa ilusão?
Esse é o questionamento que aparece quando se veem pessoas se transformando em farrapos humanos para não alterarem a ilusão que mantêm. Seguram, até que seja possível, bem pertinho de si, o que enxergam como alternativa possível, viável e não conseguem integrar dentro de si o desmanchar desse projeto.
Desconstruir para construir novamente, de uma outra maneira, de um novo jeito, é como tirar tijolinho por tijolinho daquele sonho que se transformou em uma ilusão e agora necessita ser desconstruído, e se transformar numa desilusão – e isso para se direcionar num novo sonho, nova ideia, novo foco, nova realização...
Derrubar é difícil, é doído, é sinônimo de muitas reflexões e frustrações... Envolve colocar longe o que até aquele momento gostaríamos de ter perto... É derrubar um propósito, modificar uma fantasia, que por vezes edificamos com muitas dificuldades.
É alterar o que demoramos para construir embora não temos a ideia disso num primeiro momento... É a realização que não se concretiza.
É deixar o gosto amargo da não realização impressa em nós, é a página em branco se fazendo presente. Tudo isso que vem para olharmos novamente e de uma nova maneira.
É transformar a ilusão que mantemos, é destituí-la, é tirá-la do nosso foco já determinado, para enxergar novas coisas, novos direcionamentos, novos sonhos...
Derrube suas desilusões, tantas quantas aparecerem na sua vida. Ficar segurando-as é deixá-las queimando sua mão, amargurando sua vida e impedindo que você dê passos tranquilos em direção ao seu futuro e a novos projetos...
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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