Janeiro de 2020. Começávamos o ano cheios de esperanças e, apesar de a China estar lutando contra a disseminação do coronavírus, não imaginávamos, àquela altura, que a pandemia seria tão avassaladora em nosso país. O mundo e o Brasil atravessam hoje uma situação sem precedentes, e ninguém previu que passaríamos pelo cenário que estamos vivendo neste julho de 2020.
Sobre os impactos da pandemia na saúde pública, e quanto ao desconcertante número de brasileiros que morreram vítimas da Covid-19, não pretendo me ater, pois este não é o objetivo deste artigo. A realidade tem sido bastante cruel neste aspecto, e como humanos que somos, antes de qualquer outra condição, nos faz totalmente solidários com as milhares de famílias brasileiras atingidas.
A convite da editora deste site, jornalista Silvana Toazza, este artigo tem como objetivo avaliar os desafios impostos pela Covid-19 à economia, que para a CIC Caxias é uma questão tão sensível quanto a saúde pública. Os reflexos são igualmente devastadores, se olharmos pelo prisma do contingente de empresas que fechou as portas e dos inúmeros empregos, ainda não totalmente calculados, perdidos ao longo destes sete meses.
Obviamente, lamentamos profundamente esta situação. A pandemia chegou em um momento em que o país lutava para se reorganizar social, política e economicamente e para reencontrar o caminho do crescimento. A crise, porém, está fazendo o Brasil voltar todas as casas do tabuleiro no jogo do desenvolvimento, o que, certamente, exigirá de todos nós muita dose de superação e um enorme esforço de reconstrução.
O maior de todos os desafios será, sem dúvida, encontrar formas de apoiar o setor produtivo brasileiro a tal ponto que os empregos pulverizados nesta crise possam ser novamente gerados. O incentivo às atividades setoriais para uma rápida retomada da economia deverá trazer de volta os postos de trabalho, melhorando assim a renda e a capacidade de compra da nossa população.
Trabalhamos com a expectativa de que o governo siga ajudando as empresas, seja na prorrogação das medidas de suspensão e flexibilização dos contratos de trabalho, seja no financiamento para capital de giro e folha de pagamento e desoneração da folha, mas, principalmente, na urgência de uma reforma fiscal e tributária, que torne mais equilibrada a arrecadação de impostos, e nos investimentos em infraestrutura. Condições essas que, acreditamos, somadas à força e à determinação do empresariado e dos trabalhadores deste país, nos farão vencer as adversidades quando esta pandemia passar.
* Ivanir Gasparin é presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul