Caxias do Sul 23/11/2024

Como virar um alienígena

Instruções claras e objetivas para transformar terráqueo em E.T., em caso de necessidade
Produzido por Paulo Damin, 24/08/2024 às 09:54:30
Paulo Damin é escritor, professor e tradutor em Caxias do Sul
Foto: ARQUIVO PESSOAL

Se você tem esse nobre propósito, parabéns. Porém, infelizmente, preciso botá-lo a par dos fatos.

O processo para virar um alienígena é muito longo e prevê uma série de sacrifícios.

Tudo se divide em quatro fases bem distintas:

1) No primeiro mês, você deve se nutrir somente com patas de pombo, assadas no forno por uma hora (nem um minuto a mais; tenha cuidado, pois as consequências são imprevisíveis).

2) Acabada a primeira fase, o seu corpo vai começar a apresentar estranhos comportamentos, mas não se preocupe, são só pequenos efeitos colaterais como o aparecimento de dois polegares logo abaixo das axilas e, em alguns casos, um bico no lugar do umbigo.

3) A fase três é a mais crítica de todas. Trata-se de realizar ações extremas como correr duas quadras sem roupa na neve, ou então ficar sem respirar por mais de três minutos embaixo d’água. Isso vai servir para chamar a atenção dos outros alienígenas. Em seguida, eles mesmos vão contatar você.

4) Essa fase é a mais indefinida, pois consiste em esperar ser contatado pelos extraterrestres. Uma vez que eles tenham vindo até você, é necessário se prostrar de joelhos e expor excelentes motivos pelos quais deveriam acolhê-lo entre eles. Esse contato pode ser favorecido pelo posicionamento estratégico de uma parábola na cabeça, que puxaria a astronave deles por meio de ondas magnéticas.

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Essas informações preciosas estavam disponíveis na versão italiana do antigo site Yahoo Respostas. Obtive-as em 6 de setembro de 2014, às 02:11. Traduzi o passo a passo na época e guardei em meus arquivos para o caso de necessidade.

Não imaginei, no entanto, que o referido site seria desativado, dada a relevância social que ele tinha. Em 2014 achávamos que a internet duraria para sempre, que os e-books substituiriam o papel e os alienígenas, bá, nem existissem.

Paulo Damin é escritor, professor e tradutor em Caxias do Sul.

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