Por Eulália Isabel Coelho
Certa vez, em uma de minhas aulas de Cinema, um aluno perguntou: “Profe, tu só gosta de filme cabeça?”. Achei engraçada a pergunta, feita assim, do nada. Mas era pertinente. A verdade é que eu apresentava aos estudantes somente obras cultuadas, clássicas, experimentais, pois é assim que se estuda cinema, aprendendo com os grandes na história da sétima arte.
A pergunta não ficou sem resposta. Imediatamente contei sobre meu gosto por comédias românticas. Expliquei que era meu momento de ficar à vontade, sem analisar, dissecar, teorizar sobre o discurso fílmico. Vi alguns sorrisos na sala, acho que de alívio.
Lembro de citar Sabrina (1954), de Billy Wilder, com Audrey Hepburn e Humphrey Bogart, como um dos meus preferidos. Contei-lhes que a versão de 1995, com Julia Ormond e Harrison Ford, dirigida por Sydney Pollack, também me agradava, embora não tivesse o charme e a aura de elegância de Audrey.
O subgênero comédia + romance, (rom-com) sempre foi dos meus preferidos. Acredito que por assistir Sessão da Tarde em uma época em que as comédias românticas apareciam constantemente na grade de programação.
O episódio na aula me veio à mente outro dia quando revi O Espelho Tem Duas Faces (1996), estrelado e dirigido por Barbra Streisand, com Jeff Bridges como seu par romântico. Um filme bonito, com ótimas atuações e um roteiro com tema ainda recorrente: a superação de conflitos internos impostos por condições externas.
O Espelho Tem Duas faces, na Netflix e no Google Play
Temos ali a protagonista que deixará de se sentir o “patinho feio” ao decidir enfrentar a relação de inadequação com seu corpo, transformando-o em busca de autoestima. A mudança é também para conquistar o homem que ama. Sim, é clichê e é disso que são feitas as comédias românticas.
Existem estereótipos que fazem parte do fundamento estrutural da narrativa da rom-com: contar uma história sem causar maiores expectativas é uma delas. Sabe-se de antemão que no final o par romântico ficará junto, não importa o que aconteça.
Pensando em todas essas coisas, trago a vocês alguns títulos de comédias românticas que são diversão inteligente e delicada, coisa de que tanto necessitamos nesses tempos sombrios.
Para ver ou rever, minha lista inclui clássicos e contemporâneos, por ordem temporal. Nela você vai encontrar atores que aparecem em mais de um filme, como Hugh Grant, por exemplo. Confira!
MINHA CLAQUETE
QUANTO MAIS QUENTE MELHOR (1959), de Billy Wilder
Com Marylin Monroe, Jack Lemmon e Tony Curtis
É uma comédia musical romântica em que os músicos Joe e Jerry disfarçam-se de mulher para entrar em uma banda de jazz feminina da qual faz parte a sensual Sugar (um dos últimos papéis de Marylin). O cineasta Billy Wilder, considerado um dos maiores de todos os tempos, dirigiu obras-primas como O Crepúsculo dos Deuses (1950).
Disponível no Telecine Play
Assista ao trailer legendado AQUI
BONEQUINHA DE LUXO (1961), de Blake Edwards
Com Audrey Hepburn e George Peppard
É um clássico do cinema americano, baseado no romance “Breakfast at Tiffany's”, de Truman Capote. Com atuação memorável de Audrey Hepburn (indicada ao Oscar), o filme ganhou duas estatuetas: Melhor Trilha Original e Melhor Canção ("Moon River").
Disponível no Now e no Google Play
Assista à cena em que Audrey canta "Moon River" AQUI
NOIVO NEURÓTICO, NOIVA NERVOSA (1977), de Woody Allen
Com Diane Keaton e Woody Allen
Annie Hall (título original) ganhou o Oscar de Melhor Filme, Atriz, Diretor e Roteiro Original. A comédia narra a relação conturbada de um humorista com uma jovem cantora. A obra é uma das mais emblemáticas de Allen.
Disponível no Telecine Play e no iTunes
Assista a uma das cenas mais hilárias do filme AQUI
HARRY & SALLY – FEITOS UM PARA O OUTRO (1989), de Rob Reiner
Com Meg Ryan e Billy Crystal
O longa, que conta os apuros do casal título, traz cenas divertidas que ficaram no imaginário popular. A dupla inicialmente nutre uma antipatia recíproca que evolui para a amizade através dos anos. Eles se veem esporadicamente, mas quando percebem, a relação evoluiu para outro patamar.
Disponível no iTunes
Assista ao trailer (sem legendas) AQUI
QUATRO CASAMENTOS E UM FUNERAL (1994), de Richard Curtis
Com Hugh Grant e Andie McDowell,
Uma das comédias românticas mais icônicas do cinema. Sucesso de público e crítica, ganhou indicações para o Oscar, venceu o César de Melhor Filme Estrangeiro e valeu a Hugh Grant o Bafta e o Globo de Ouro de Melhor Ator de Comédia.
O filme virou série com dez episódios produzidos pela Hulu, transmitidos no Brasil pela Fox Premium no ano passado.
Disponível na Amazon Prime Video
Assista ao trailer legendado AQUI
UM LUGAR CHAMADO NOTTING HILL (1999), de Roger Michell
Com Julia Roberts e Hugh Grant
Uma comédia simplesmente adorável sobre uma atriz americana que vai filmar em Londres e conhece, por acaso, um livreiro meio atrapalhado. O encontro trará surpresas a ambos e a descoberta do amor, claro.
Disponível nas plataformas Telecine Play e Globo Play, Google Play e iTunes
Assista ao trailer legendado AQUI
ALGUÉM TEM QUE CEDER (2003), de Nancy Meyers
Com Jack Nicholson, Diane Keaton e Keanu Reeves
Um filme delicioso com performances perfeitas. Diane Keaton levou o Globo de Ouro por sua atuação, além de indicação ao Oscar. Jack Nicholson está fantástico! Um raro filme sobre amor na maturidade.
Disponível no Looke, Google Play e iTunes
Assista ao trailer (sem legendas) AQUI
SIMPLESMENTE AMOR (2003), de Richard Curtis
Com Hugh Grant, Keira Knightley, Liam Neeson, Emma Tompson, Colin Firth, Rodrigo Santoro
Várias histórias de amor com graça e suavidade evidenciam o que o título propõe: o amor simplesmente acontece e ele é simples. Não, nem tanto, a gente sabe, mas as tramas trabalham muito bem essas questões. O filme teve uma sequência que não foi tão bem quanto o original.
Disponível na Amazon Prime Video, Google Play e iTunes
Assista a uma das cenas mais fofas AQUI
O LADO BOM DA VIDA (2012), de David O. Russel
Com Bradley Cooper, Jennifer Lawrence, Robert De Niro
Inspirado no livro de Matthew Quick, a obra é daquelas inesquecíveis. Indicado a quatro estatuetas, o filme rendeu o Oscar de Melhor Atriz para Jennifer Lawrence. Ela interpreta Tiffany, uma garota instável que conhece Pat (Bradley) um sujeito que sofre de Transtorno Afetivo Bipolar. A relação entre dois não será nada fácil.
Disponível na Amazon Prime Video, HBO Go, Telecine Play e Globo Play
Assista ao trailer legendado AQUI
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Eulália Isabel Coelho é jornalista, professora de cinema e escritora
bibacoelho10@gmail.com
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