Caxias do Sul 22/11/2024

Com grafeno, energia solar para todos

Ao aliar sustentabilidade com economia, matriz passa a ser solução ampla a diferentes demandas
Produzido por Leonardo Retto, 23/08/2021 às 12:15:11
Foto: ARQUIVO PESSOAL

Ao obrigar milhões de brasileiros a se isolarem em casa e fazer saltar o valor da conta de luz, a pandemia da Covid-19 fortaleceu um segmento que já crescia nos últimos anos: o de energia solar.

Tanto que o Brasil entrou no ranking dos 10 países que mais instalaram sistemas dessa matriz energética em 2020, de acordo com o mapeamento realizado pela Absolar (Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica).

Por aliar sustentabilidade e economia, a geração de energia solar começa a deixar o patamar de tendência e se tornar uma solução escolhida por brasileiros de diferentes classes sociais para reverter o quadro de constantes reajustes tarifários nas contas de energia elétrica, que tanto pesam no bolso do consumidor quanto refletem a crítica situação dos reservatórios das principais hidrelétricas no País.

Diante desse cenário, novas tecnologias começam a chegar ao mercado brasileiro justamente com a missão de popularizar a geração de energia fotovoltaica, como é o caso das telhas solares, fabricadas com plástico 100% reciclado e compostas por cápsulas de grafeno, capazes de absorver os raios do sol, mesmo em dias nublados e chuvosos, sem comprometer a capacidade de gerar eletricidade, porque elas têm a capacidade de armazenar a energia não consumida.

Considerado "o material do futuro", o grafeno tem como matéria-prima o grafite, cuja maior reserva mundial fica no Brasil. Portanto, a nova tecnologia em telha solar surge como o produto escalável que os fabricantes de grafeno precisavam para alavancar em escala industrial a produção do material, conhecido por excelentes propriedades, como resistência, leveza, transparência, flexibilidade e condutividade elétrica.

Na prática, o grafeno é o material mais forte (200 vezes mais resistente que o aço), mais leve (é aproximadamente cinco vezes mais leve que o alumínio) e mais fino que existe (espessura de um átomo). Para se ter uma ideia, três milhões de camadas de grafeno empilhadas têm somente um milímetro de altura. Todas essas características vão ao encontro das propriedades das novas telhas solares.

Com a tecnologia aplicada para captação de luz solar, uma residência se tornará autossuficiente em produção de energia, segundo a média nacional de consumo, com a instalação de apenas quatro telhas. Cada telha é fabricada para gerar 30 KWh de eletricidade por mês, podendo o excedente ser vendido para as concessionárias de energia. Conforme a necessidade, o consumidor ainda pode aumentar o número de cápsulas de grafeno, fazendo com que cada telha atinja até 105 KWh.

Trata-se de solução que oferecerá a possibilidade de levar energia limpa e renovável, com um custo mais acessível, a lugares que carecem de eletricidade por todo o país. Exemplo disso é que o investimento para fabricação das telhas solares, com padrão de 30 Kwh por mês, é apenas 35% superior em relação às telhas coloniais comuns, sem contar que elas são fabricadas em polietileno de alta densidade com a reutilização de plásticos reciclados.

A nova solução está em fase de certificação no Inmetro e segue para os primeiros testes em duas casas, com climas distintos, uma na região Sudeste e outra na região Sul do país. A partir dessa validação, começa o processo de vendas para o público e, depois de seis meses, a produção em massa da nova tecnologia, que dará acesso à geração de energia solar para grande parcela da população brasileira.

Leonardo Retto é fundador da Telite, fabricante de telhas plásticas com 100% de material reciclado e cápsulas de grafeno acopladas para captação de energia solar.