Com a Copa do Mundo que recém encerrou atraindo os espaços de toda a mídia, os olhos de milhões de torcedores se voltaram aos craques. Com isso, as lesões que os acometem ficam mais evidentes, ganham destaque nas mídias e os admiradores do futebol sofrem junto. Na Seleção Brasileira, o atacante Neymar e o lateral Danilo estiveram afastados da fase de grupos devido à entorse no tornozelo.
Inicialmente, classificamos as lesões esportivas em dois grandes conjuntos: lesões de partes moles, em que são afetados ligamentos, tendões e músculos; e lesões ósseas, fraturas ou edema ósseo. Neymar, por exemplo, já apresentou diagnósticos de ambos em diferentes momentos: lesão ligamentar do tornozelo e muscular, fratura do pé e da coluna vertebral.
A muscular, sem dúvida, é a que mais acomete atletas, por conta do tecido que se contrai para gerar movimento e sofre uma ruptura, geralmente parcial em seu ventre, causando dor e comprometendo a mobilidade. Dependendo da área fragilizada, recebe nomes populares como lesão do adutor, da posterior e da panturrilha.
Já a ligamentar, que é conhecida como entorse, afeta a articulação que realiza um movimento além da capacidade normal. Há um estiramento e até uma ruptura. No tornozelo, por exemplo, o tratamento é conservador (sem cirurgia) na fase aguda, na maioria das vezes, e, no joelho, o mais comum é a lesão do ligamento cruzado anterior, sendo necessária a correção cirúrgica, a exemplo do jogador peruano Paolo Guerrero.
Há ainda nesse grande grupo de suscetibilidades físicas a ruptura de tendão. Por quê? Os tendões são cordas que ligam o ventre muscular ao osso, gerando movimento. São tecidos extremamente resistentes, mas podem sofrer traumas diretos ou pela extrema da contração muscular. Esse foi o caso de Ronaldo Fenômeno, tratado com cirurgia.
No grupo dois, podemos lançar luz sobre as fraturas nas superfícies externas do osso. As fraturas da tíbia e tornozelo também são frequentes e as de face e membros superiores, mais raras.
Por outro lado, no edema ósseo – inflamação da parte interna do osso, pelo impacto de dois elementos sem fratura –, é comum acompanhar os quadros de lesões ligamentares, geralmente de tratamento conservador.
Ramon Venzon Ferreira é ortopedista e traumatologista em Caxias do Sul.