Será que a pandemia realmente mudou a nossa visão de mundo, ou continuamos sofrendo porque mudar de perspectiva é difícil? Será que aprendemos com o advento do “novo normal” ou a angústia pelo antigo nos atormenta, pois sabemos que um retorno ao antigo ainda está distante ou, quem sabe, inatingível?
No que se refere à área da educação, as mudanças foram instantâneas, movidas pela necessidade de não perder o ano letivo e o ritmo de estudo. Professores precisaram readaptar a forma de mediar o conteúdo, utilizando-se de técnicas, muitas vezes, nunca pensadas. O que ficou claro é que instrutores que já vislumbravam inovações, independentemente da pandemia, sentiram-se mais preparados para um novo modelo instaurado às pressas.
Analisar a situação atual somente pelo viés dos problemas impede de vislumbrar soluções. Pensar, por exemplo, que aulas remotas permitem que o aluno desenvolva condições próprias de captar os conteúdos, perceba a sua própria velocidade de compreensão, seja mais responsável pela sua experiência de aprendizado e desenvolva a cultura de participação (uma vez que percebe a necessidade de interação), à primeira vista pode parecer sem importância. Entretanto, com um professor-mediador preparado, o desenvolvimento dos alunos é estimulado com base no seu próprio interesse em aprender.
E quem serão esses alunos? Os profissionais do futuro. Profissionais, alunos, pessoas mais qualificadas técnica e humanamente. Não seria essa uma solução concreta para um problema já instaurado?
A mudança da estrutura social é inerente a uma mudança de estrutura interna do ser humano: ou nos (re) adaptamos, ou um novo modelo nos engessa sem a possibilidade do aprendizado. De qual lado queremos estar?
São muitas perguntas, mas essa é a função do pesquisador: encontrar mais perguntas do que respostas. Só é possível desfrutar beneficamente de uma situação quando a encaramos com perguntas assertivas, do contrário, respostas podem nunca aparecer.
Taís Plastina é cientista social