Muito além das garantias sociais e trabalhistas previstas na legislação, a trabalhadora portadora de câncer tem direito a um acolhimento digno no ambiente de trabalho sempre que a sua condição física permitir o exercício de suas atividades.
Não se trata apenas de benevolência. É um compromisso que todos – colegas e empregadores – devem assumir com atitudes de respeito e carinho e que, com certeza, terá um impacto positivo no desenrolar do tratamento oncológico.
Compreender o momento de fragilidade do outro, saber ouvir ou somente estender a mão são posturas que fazem a diferença nessa trajetória. Continuar se sentindo produtiva é muito importante para a saúde mental, principalmente para mulheres acostumadas ao ritmo intenso do trabalho.
Pesquisas mostram que as chances de pacientes oncológicos desenvolverem ansiedade e depressão são em torno de 26% e 30%, e têm um predomínio em mulheres, segundo dados do INCA (Instituto Nacional do Câncer). É preciso ter atenção em todo o processo, desde o diagnóstico, tratamento e aceitação do paciente, para que ele consiga ser tratado da melhor forma. Por isso, o suporte familiar, de amigos e colegas, é tão relevante nesse período.
Essa rede de apoio contribui para amenizar o desgaste físico e psicológico provocado não apenas pela descoberta do câncer, mas também pela químio, radioterapia e outras terapias que são adotadas para evitar a evolução da doença. Assim como a presença de uma equipe médica multidisciplinar é necessária para o acompanhamento de cada caso, o afago de múltiplos olhares ajuda a paciente a enxergar um futuro, mesmo que nebuloso.
Ana Gelatti é médica oncologista do Hospital São Lucas da PUC-RS e Diretora Clínica da Oncoclínicas Moinhos de Vento.
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