Olho para as pessoas como possibilidade de serem mais. De desenvolverem e crescerem nas suas atitudes, nos seus pensamentos e nos seus sentimentos. Somos seres valorosos e inacabados na essência, na raiz que nos liga a toda humanidade. E isso me despe de qualquer preconceito que possa ter, manter ou construir.
Sabendo que cada um está em um momento especifico na escala da evolução, ou seja, uns enxergam mais, vão além, outros ficam presos no mesmo lugar por um grande tempo, até estarem prontos para seguir...
Os que ficam presos no menos que aparece, talvez não tenham energia para investir, para cuidar, para compartilhar... Talvez olhem também com o olhar de menos, não conseguem dar o passo essencial que lhes falta para não desamparar nem ao outro, e, muito menos, a si próprios. Provavelmente, não olham como deveriam olhar, isto é, com o olhar de mais, de inteireza, de compreensão, de acolhimento, de cuidado.
Cada um de nós pode ter/ser mais. Eu posso ser mais do que me construo, do que mostro em qualquer momento dos meus dias. Posso me superar, ir além do que enxergo. O aprendizado é inesgotável. A força de mudança está ali para ser conquistada por cada um individualmente.
O fato é que somos possibilidades e inesgotáveis no desenvolver. Basta que o desejo e a determinação nos movam e, assim, seguimos em frente. Também somos seres fragmentados, nos construímos de faltas, nos preenchemos de vazios e esse é o nosso legado. Precisamos olhar para isso para nos construirmos fortalecidos.
Essas lacunas vão ser mais se investirmos para isso. No entanto, o caminho da evolução é lento, é galgado milímetro por milímetro, e exige dedicação, foco, discernimento, persistência, reflexão constante entre muitas outras individualidades. Cada um está em algum momento da evolução. Os degraus vão se construindo para um lugar onde nunca se chega por completo. Sempre há algo para cuidar, para melhorar, para administrar. Conforme se alcança um nível desejado, outros degraus vão aparecendo...
A essência do eu de cada um vai encontrar caminhos para levar a seguir. Alguns ficam por longo tempo parados aos olhos humanos, mas ali estão se refazendo, se reabastecendo, se interiorizando, se purificando para poder seguir de um novo jeito.
O topo da escada tem seus desafios. Nunca paramos de aprender e nunca chegamos no final. O ser humano com sequelas do que não aprendeu, do que não consegue ver direito e nem absorver está em nós e necessita ser desenvolvido.
Podemos nos sentir superiores perante alguns, no entanto, em outras situações, estamos num nível aquém do desejado. O fato é que não estamos estáticos naquela posição, o mais ou o menos estão constantemente em nós. Visitamos e conhecemos todas as etapas da evolução constantemente.
Fica claro, no entanto, que somos todos aprendizes...
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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