Leva um tempo para que a cura das raízes chegue até as folhas... leva o tempo que aquela árvore precisa para se refazer, para brotar novamente, para se fortalecer. Ou, quem sabe, o tempo que aquela pessoa necessita pra ir no caminho da cura interior, para se ressignificar...
A oliveira brota a partir das raízes, quando cortada ou queimada. É a árvore da perseverança, tida por alguns... Então, você tem pressa por quê? Quer pular de um estágio para outro, sem curar suas raízes?... Sem olhar para o que dói, sem acolher seus machucados, sem descortinar sua existência, sem mergulhar no seu passado? Cuidado... a planta pode cair, não aguentar, quebrar, se estraçalhar...Não aguentar o tranco...
Assim também somos nós - seres humanos. A cura do nosso hoje depende da cura do ontem. E, para isso, precisamos olhar para o nosso passado, para a nossa essência, para o nosso interior, para a raiz de quem somos, para o início de tudo. Enfim, olhar para como nos construímos...
Não adianta só cuidar das folhas, do que aparece, do de fora, do que se mostra... se não cuidarmos da raiz. Ela pode apodrecer e não resistir. Se não olharmos para tudo, a planta, ou nós, podemos sofrer... sucumbir.
A raiz... curar o início de tudo é o que permite ir além... Começar de novo, sempre! Quantas vezes precisar. Assim como a oliveira, seja conhecido pela persistência, pela determinação...
Para seguir mais leve, mais alto, precisa curar suas raízes, olhar para dentro, se estruturar novamente.
Quando a cura não chega, não abrange o início de tudo, ela fica comprometida... existe uma cura parcial. Uma parte da planta apodrece. Ela não se sustenta...
Não é na primeira tentativa que você reaprende, na primeira fala que você se transforma, na primeira experiência que se modifica, e que consegue se transformar...
Tentar, tentar e tentar. Mas, começar por dentro, começar devagar. Iniciar se estruturando no chão. Curar sua essência, suas próprias raízes...Esse é o início de tudo.
Curar suas verdades, para alcançar alturas nunca antes imaginadas ou sentidas. Curar dores de uma vida e ir além, abraçar-se apesar da dor sentida, apesar de ter se decepcionado tanto, e com pessoas importantes para você... Mas, não se esqueça, a cura começa e termina por você...
O outro só está ali para você entrar dentro de si e conhecer suas verdades, suas próprias raízes...
Neusa Picolli Fante é psicóloga clínica especialista em lutos e perdas. É palestrante e escritora, autora de oito livros: três de psicologia, três de crônicas e dois de poesia.
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