Caxias do Sul 22/11/2024

Vida útil de uma usina de energia solar vai além dos 25 anos

Especialista no assunto esclarece dúvidas sobre esse mercado que não para de crescer
Produzido por Silvana Toazza, 17/06/2021 às 12:28:35
Vida útil de uma usina de energia solar vai além dos 25 anos
Jonathan de Oliveira dá dicas a clientes
Foto: Mauro Martins

Investir em energia solar ganhou os holofotes de assunto do momento, tanto pelo aspecto da economia que proporciona na tradicional conta de luz quanto pelo viés da sustentabilidade. Via de regra, as duas motivações estão no centro da decisão de uma família ou de uma empresa no momento de adquirir uma usina para gerar sua própria energia, a partir do sol, praticamente zerando a fatura da energia elétrica. Mas as dúvidas são muitas, de todas as ordens, por tratar-se de um mercado ainda novo no Brasil.

A única certeza é que deslocar o gasto com energia elétrica para um financiamento em estrutura solar não tornou-se apenas uma estratégia inteligente, mas também vital para não comprometer a saúde financeira de muitas companhias em tempos em que os altos custos prejudicam a competitividade. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) estima que, até o ano de 2024, mais de 1 milhão de consumidores devem passar a gerar a própria energia.

Para esclarecer as nuances desse mercado que não para de irradiar força, confira a entrevista exclusiva concedida por Jonathan de Oliveira, coordenador de Eficiência Energética da Magnani Luz e Energia, com matriz em Caxias do Sul e filial em Torres, uma das primeiras empresas da Serra Gaúcha a atuar neste aquecido filão:

Explique como funciona a vida útil das placas de energia solar? 25 anos é o parâmetro utilizado pelo setor, mas gera dúvidas ao consumidor.
Como em todo o mercado novo, o da energia solar gera muitos questionamentos. Esse parâmetro de 25 anos, adotado mundialmente, não define a durabilidade das usinas, mas, sim, é uma performance-padrão de eficiência na geração de energia de pelo menos 80% do que foi contratado no início da operação do sistema.

Quer dizer que há perdas de eficiência das placas em função de sua utilização?
Exatamente. No primeiro ano de uso, se perde 2,5% de eficiência. Nos demais anos, 0,6%, até os 25 anos. Como é uma tecnologia relativamente recente, as pesquisas trabalham com esse parâmetro de eficiência. O sistema de energia solar surgiu há pouco tempo no Brasil, desde 2011. Fora do país, não temos sistemas ainda com 50 anos de operação, mas a previsão é que, chegando lá, pelo desgaste natural, teriam uma geração equivalente a 60% do potencial inicial.

Ou seja, as usinas não param de funcionar em 25 anos, como muito consumidor pensa...
Não vai parar de funcionar, só terá seu desempenho diminuído. A tecnologia evolui muito, nada impede que futuramente se tenha equipamentos ainda mais eficientes.

O que o dono da usina de energia solar, então, faz para retomar a eficiência na geração ao chegar nos 25 anos?
Há dois caminhos: ele pode ir substituindo os módulos ou fazer uma ampliação de usina fotovoltaica. Nesse segundo caso, terá de avaliar a disponibilidade de espaço. E é necessário sempre analisar o consumo de energia elétrica, caso tenham sido agregados mais itens, como piso aquecido, e também a possibilidade de redução de consumo de energia elétrica das empresas, por motores mais econômicos, por exemplo. É um amplo estudo, mas que garante sustentabilidade e economia no bolso.

De que forma há o desgaste das placas de energia solar?
Trata-se de um desgaste natural do silício, matéria-prima utilizada nos módulos, submetidos ao tempo. Hoje, é a tecnologia que dispomos, mas já há estudos para a utilização do grafeno (derivado do carbono). Porém, o silício é o que temos e ainda será utilizado por muito tempo.

Embora haja o desgaste natural dos módulos de energia solar, os cuidados com o sistema são indicados?
Sim, é preciso preservar o sistema de energia solar, com manutenções preventivas, limpezas periódicas, análises de rendimento, fazer o voo de drone para que nenhum módulo esteja sombreado ou com problemas, prolongando a vida útil da usina. A manutenção preventiva garante reaperto de parafusos, verificação do cabeamento e conexões do sistema. Também são indicadas análises termográficas e checagem se há microfissuras nos módulos, que venham a reduzir a eficiência.

Qual a redução de custo com energia elétrica, a partir da instalação de uma estrutura solar?
Em uma empresa, a economia é de até 95% com energia elétrica. Em poucos anos, o investimento se paga.

De onde vêm as placas solares?
99% delas vêm da China, são fabricadas lá. Há módulos de vários níveis de qualidade. Os adquiridos pela WEG, de quem a Magnani é parceira há longo tempo, são certificados e com altíssimo grau de qualidade e excelência, o que o mercado chama de primeira linha. A WEG possui um corpo de engenharia na China, que acompanha e certifica a qualidade dos módulos solares.

Quanto custa uma usina de energia solar?
É preciso analisar caso a caso. Há sistemas residenciais partindo de R$ 15 mil, até a casa de milhões, como o caso de aplicações para grandes empresas.

E há condições de financiamento?
O grande diferencial do solar é justamente a facilidade na linha de financiamento bancário, com juros acessíveis. O cliente troca o custo em energia elétrica por um investimento em ter uma usina de energia solar, uma fonte própria de energia.

Na Serra Gaúcha, por termos um período longo de frio e dias nublados, somos prejudicados na questão da geração de energia elétrica a partir da luz do sol?
Quando dimensionamos a usina, fazemos um estudo de insolação da região em que estará situada a estrutura, baseado em clima, inverno, chuva, tempo médio de sol. Com base nisso, ofertamos o modelo ideal para o seu consumo, que aqui será diferente do Nordeste brasileiro, por exemplo.

Qual o tamanho de um módulo de energia solar?
Muda o tamanho conforme a marca e a aplicação, mas em média é de dois metros por um, pesando 22 quilos por placa.

Que dicas você daria na hora de o consumidor escolher uma fornecedora de usina de energia solar?
Primeiro, conheça a história da empresa que está ofertando a estrutura solar, quais são os seus clientes, com que tipo de produto a companhia trabalha, entenda o pós-venda, a assistência, peça referência com quem já contratou. Muitas companhias entram nesse mercado, mas não permanecem, deixando seus clientes órfãos de assistência. É um mercado que exige muita especialização técnica e profissionais de várias áreas. Portanto, fuja de empresas aventureiras e escolha quem de fato tem condições de entregar o que promete, e garantir o monitoramento e o pós-vendas das usinas, com estratégias de controle e melhoria do desempenho de eficiência.

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