Os números ratificam a percepção popular de que o vinho é a bebida da pandemia. Mas os últimos dados colocam mais um adendo a essa informação: o vinho brasileiro. Sim, foi ele quem brilhou.
Tanto que no primeiro semestre do ano as vendas de vinhos finos do Rio Grande do Sul, responsável por 90% da produção nacional, efervesceram 66,4% na comparação com os primeiros seis meses de 2019. No auge das medidas de restrição contra a Covid-19, de abril a junho, o incremento foi ainda maior, de 86,4%, em relação ao mesmo período do ano passado.
“Isso comprova que o vinho é a bebida da pandemia, especialmente os rótulos brasileiros”, declara o presidente da Associação Brasileira de Sommeliers do Rio Grande do Sul (ABS-RS), Orestes de Andrade Jr.
Gole extra: enquanto isso, de janeiro a junho, as vendas dos vinhos importados cresceram apenas 8% ante o mesmo período do ano passado.
“As pessoas buscaram uma bebida mais intimista, como o vinho, que é uma ótima companhia para quem mora sozinho, para casais e, sobretudo, para acompanhar uma boa comida”, comenta.
As informações foram compiladas e analisadas pela ABS-RS, com base nos dados do Cadastro Vinícola, mantido por meio de parceria entre a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul.
Curiosidade: cada brasileiro consumiu 2,81 litros de vinhos, em média, no segundo trimestre do ano. O número representa um acréscimo de 72% em relação ao primeiro trimestre de 2020. É um recorde para uma indústria que historicamente ficou estacionada em um consumo inferior a 2 litros per capita, aponta a Ideal Consulting.
Comemoração, mas com precaução
Os bons números não são motivos para se acomodar, alerta o presidente da Uvibra, Deunir Argenta, dizendo que há muito a avançar.
“Se compararmos com o primeiro semestre de 2016, por exemplo, nosso aumento nas vendas de vinhos finos gaúchos foi de somente 8,3%. Temos de conter a euforia com os bons resultados do semestre e seguir trabalhando para conquistar uma fatia maior de mercado”, destaca.
O chamamento faz sentido: apesar do incremento nos negócios, o vinho fino brasileiro abocanha 16% do mercado (eram 12% no primeiro semestre de 2019). Os rótulos importados ainda lideram no cálice – 84% dos vinhos comercializados no Brasil (eram 88% no ano passado).