POR SILVANA TOAZZA
Seu nome está intrinsecamente ligado ao do universo da tecnologia. Pensou em startups e inovação, lembrou de Diori Lovatto Ricaldi. O empreendedor de Caxias do Sul tirou da gaveta, há um ano e três meses, mais uma startup: a Viaturo Concessionária Digital, intermediando de forma inteligente a troca de carros e motos não apenas na Serra Gaúcha, mas no país.
Com a utilização da tecnologia, a startup conecta compradores e vendedores, evitando dores de cabeça na hora de trocar de veículo. Na entrevista a seguir concedida com exclusividade ao site, na seção Conversa Afiada, Diori Lovatto Ricaldi aborda o novo momento da economia, os desafios e como a Serra se consolida como um polo nacional de inovação tecnológica. Leia e inspire-se:
Conte um pouco da sua história profissional:
Comecei a empreender desde cedo, com 16 anos fui emancipado para abrir o primeiro CNPJ. Concomitantemente, sempre estudei para ser CEO dos meus próprios empreendimentos. Sou administrador, com MBA em gestão, mas estudo várias áreas do conhecimento, das humanas às exatas, hard skills e soft skills.
Detalhe um pouco a sua jornada como empreendedor.
Já tive empresa de aluguel de máquinas de café e a vendi. Já tive loja que vendia Melissinhas e Havaianas em Londres, em um dos lugares mais turísticos, quando morei lá por três anos. Em Londres, também fiz um curso técnico em comércio exterior e ralei bastante como garçom, bartender e barista. Foi uma experiência fantástica que tive a oportunidade de viver com 19 anos. Já prestei consultorias na área de gestão.
E o seu ingresso no universo de startups.
Sou sócio de um pequeno fundo de investimento em startups, estou sempre de olho nesse mercado. Há seis anos, fundei a Canvas360, na qual prestamos assessoria em compra e venda de empresas, fusões e aquisições, avaliação de companhias, due diligences, para negócios tradicionais e cada vez mais para empresas de tecnologia. Sou fundador e CEO da Viaturo, que é uma concessionária digital de venda de veículos seminovos. E sócio-fundador da Pilotum, um App de entregas profissionais, um “uber” das entregas profissionais. Me considero um entusiasta do empreendedorismo, startups e inovação.
Esse movimento se intensificou com a pandemia ou foi prejudicado?
A pandemia acelerou o processo da transformação digital e antecipou o uso de tecnologias emergentes. O efeito migratório de consumo abre muitas janelas de oportunidades para novos entrantes, especialmente para negócios de base tecnológica, que conseguem ser mais velozes e flexíveis, desde que antevejam e executem rapidamente a solução que vai resolver as dores que apareceram em função da pandemia.
Como identificar quando uma ideia pode se transformar num serviço/produto de alto impacto no caso das startups?
Uma ideia sem execução não vale nada. Existem alguns pilares importantes que dizem que um projeto ou uma startup pode ser boa: ser uma solução para um problema real; ter uma boa tecnologia; ter uma boa equipe à frente do projeto; ter um grande mercado endereçável; e ser bem executado.
De que forma Caxias do Sul hoje está na rota de inovação?
Sempre acreditei muito na região como um possível polo de inovação tecnológica, aproveitando a matriz existente e gerando novas matrizes. Várias associações, empresas, universidades e setor público já se antenaram e têm se organizado para tornar isso realidade. E tem acontecido! Já são vários exemplos de excelentes iniciativas. Acredito que há um caminho a percorrer, é um processo de maturação. Mas com colaboração e união podemos ter bons resultados, contando com os recursos financeiros, produtivos, culturais e intelectuais existentes na região.
As grandes empresas têm incentivado esse movimento de aceleração e apoio às startups?
Sim, as organizações têm atuado com as suas corporate ventures mundo afora. É uma forma muito interessante de gerar inovação aberta para a empresa e ajudar o ecossistema de startups.
E há apoio do poder público?
Ainda é necessário melhorar o apoio do setor público com ações práticas, além de institucionais. Vários casos conhecidos, como o de Florianópolis, já demonstram ótimos resultados quando o setor adota políticas públicas.
Como enxergas o ecossistema da Serra para as startups. É uma diversificação dos tradicionais setores empresariais?
O ecossistema de startups da Serra ainda está em estágio nascente, mas promissor. É um ecossistema bastante diversificado, acredito que para se consolidar como ecossistema forte e maduro é preciso acontecer algumas “saídas”, que são fusões ou aquisições dessas startups. Isso gera um ciclo virtuoso, em que os agentes passam a valorizar e acreditar mais no segmento.
Que dicas daria a um empreendedor que está começando e é, por vezes, temerário?
1. Acredite no Brasil, é um livro aberto cheio de oportunidades.
2. Momentos de incertezas e de mudanças, como o de pandemia, são quando se encontram as melhores oportunidades.
3. Tente encontrar um ramo que seja o mais parecido com você, que você goste e que seja alinhado com o seu perfil. Chamo isso de identidade empresarial. Quanto mais o sócio ou empreendedor for conectado ao negócio, mais fará com alegria e haverá maior a chance de dar certo.