Caxias do Sul 24/11/2024

Três personalidades da Serra ganham a Medalha “Simões Lopes Neto”

Distinção conferida pelo Governo do Estado homenageará o escritor José Clemente Pozenato, o ex-deputado federal Victor Faccioni e o tradicionalista Manoelito Savaris
Produzido por Marcos Fernando Kirst, 29/08/2022 às 12:45:54
Três personalidades da Serra ganham a Medalha “Simões Lopes Neto”
José Clemente Pozenato receberá a distinção dia 5 de setembro, em Porto Alegre
Foto: Silvana Toazza

Por MARCOS FERNANDO KIRST

O escritor, professor e tradutor serrano José Clemente Pozenato; o ex-deputado federal por Caxias do Sul e conselheiro aposentado do Tribunal de Contas do Estado Victor José Faccioni e o tenete-coronel aposentado da Brigada Militar e atual presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG RS), Manoelito Carlos Savaris, perfazem o trio de agraciados este ano com a Medalha “Simões Lopes Neto”, distinção conferida pelo Governo do Estado.

Em comum entre eles, a destacada atuação em favor da cultura e da educação e o fato de serem todos nativos de cidades da Serra Gaúcha. Pozenato é natural de São Francisco de Paula, Manoelito nasceu em Casca e Faccioni é caxiense nato. Porém, todos possuem destacada atuação em Caxias do Sul.

Victor José Faccioni (Foto: Divulgação)

A cerimônia de entrega da medalha se fará por ocasião da Abertura dos Festejos Farroupilhas 2022, às 9h do dia 5 de setembro de 2022 (próxima segunda-feira), no Galpão Crioulo do Palácio Piratini (Rua Duque de Caxias, s/nº, em Porto Alegre). A distinção é destinada a “homenagear pessoas merecedoras do reconhecimento do Estado e do Povo Gaúcho por excepcional atuação no campo da cultura, das artes, das letras, das ciências, da educação, da magistratura ou do magistério”, tendo sido instituída por Decreto Lei Estadual em 25 de março de 1972.

Manoelito Carlos Savaris (Foto: Divulgação)

Pozenato (autor, entre outras obras, do romance "O Quatrilho" e articulista deste portal) foi informado oficialmente da condecoração por meio de ofício assinado pelo Chefe do Cerimonial do Palácio Piratini, Aristides Germani Filho, datado em 25 de agosto de 2022. Ainda surpreso com a notícia, Pozenato concedeu a seguinte declaração ao portal (do qual é colaborador com crônicas e artigos semanais), por telefone, a partir de sua residência em Caxias do Sul:

“Meu sentimento pessoal é de que receber essa distinção comprova que os meus projetos deram resultado. Tudo aquilo que eu pensei em construir no plano da cultura e da literatura do Rio Grande do Sul, ao longo de minha trajetória, está sendo reconhecido com a outorga dessa medalha.

Entre meus primeiros trabalhos figuram justamente um estudo sobre a importância da literatura do Rio Grande do Sul, em um artigo intitulado ‘O Regional e o Universal na Literatura Gaúcha’. Naquele trabalho, produzido no início da década de 1970, eu já enfocava a relevância da obra de Simões Lopes Neto nas raízes da literatura feita no nosso Estado. A obra dele não se configura como regionalista, e, sim, assume um caráter mais amplo, universal, de regionalidade, transpondo fronteiras.

Esse meu primeiro ensaio chegou a ser premiado em 1974 pelo Instituto Estadual do Livro. Agora, essa distinção que leva seu nome evoca justamente as minhas primeiras preocupações com as questões relativas à literatura, que nortearam e seguem norteando a minha carreira literária”.

QUEM FOI JOÃO SIMÕES LOPES NETO

João Simões Lopes Neto (1865 - 1916) (Foto: Banco de Dados)

Nascido em Pelotas em 9 de março de 1865 (faleceu na mesma cidade em 14 de junho de 1916, aos 51 anos), João Simões Lopes Neto é considerado um dos mais importantes e influentes escritores do Rio Grande do Sul, visto por críticos e literatos como o maior autor regionalista do Estado, fundando as bases para esse gênero. A história do Estado, as lendas e mitos regionais, a figura típica do gaúcho e suas tradições foram os temas que permearam sua obra, configurada por um estilo narrativo próprio.

Lançou em vida apenas quatro livros, todos eles considerados basilares da literatura regionalista rio-grandense: “Cancioneiro Guasca” (1910); “Contos Gauchescos’ (1912); "Lendas do Sul" (1913) e “Casos do Romualdo” (1914).