POR SILVANA TOAZZA
Gilberto Boscato assumiu neste início de ano a missão de presidir o Centro Empresarial de Flores da Cunha na gestão 2022/2023. Formado em administração de empresas e marketing pela UCS e pós-graduado em finanças pela USP, o empresário foi gerente do Banco do Brasil por mais de 30 anos e diretor comercial da Plastiline. Atualmente, está à frente da Boscato Assessoria, que presta consultorias para empresas nas áreas administrativa e financeira.
A seguir, entrevista exclusiva com o novo presidente do Centro Empresarial de Flores da Cunha, que aborda os desafios impostos pelo momento econômico:
Como recebeu o desafio de presidir o Centro Empresarial de Flores da Cunha para a gestão 2022/2023?
Presidir o Centro Empresarial, uma entidade consolidada com mais de 30 anos de história e 1.350 associados, é desafiador, mas faz parte de um processo que já vem sendo implantado em várias administrações, nas quais o vice-presidente se prepara para assumir o cargo na gestão seguinte. Sempre há aquele receio do novo, no início, mas é um processo que já vem em um curso constante e tem tudo para dar muito certo, como já vem dando.
Quais as metas no mandato?
O foco das atenções será no Centro de Formação Profissional do Senai, recém-inaugurado na sede da entidade, e que vai atender, a partir de fevereiro, 160 alunos dia do Programa Jovem Aprendiz, aulas que ocorriam até o ano passado nas dependências do Centro Empresarial. São quatro cursos neste primeiro momento: Assistente Administrativo, Operador de Processos Logísticos Industriais, Marceneiro de Móveis Seriados e Desenhista Mecânico. Até o fim do ano, 250 alunos por dia poderão ser atendidos no novo espaço de mais de mil metros quadrados, com atenção maior nas capacitações de Pintura Moveleira Industrial e Automotiva e Tecnologia Moveleira. Flores da Cunha aguardou por muitos anos a vinda do Senai. Agora se concretiza a capacitação para os futuros funcionários das empresas locais, mantendo assim um alto nível de qualificação para toda a sociedade. Ainda pretendo manter a qualidade dos serviços que a entidade tem oferecido para o nosso associado e aumentar a gama de produtos, prosseguir com os projetos e ações das Câmaras, Comitês e Núcleos Setoriais e, logicamente, nutrir a união dos associados, sempre pensando no crescimento coletivo.
O momento é de adaptação, diz novo presidente (foto: Tatiana Cavagnolli)
Como enxergas 2022?
Eu enxergo 2022 como um ano de reorganização das cadeias produtivas, de consolidação das mudanças que têm ocorrido em toda a sociedade, inclusive na sociedade empresarial, da qual foram exigidos muitos esforços e criatividade nesse período inesperado de pandemia em que vivemos. Eu coloco neste ano muito otimismo e desejo que seja ótimo para todos.
Quais as dificuldades hoje do setor empresarial?
Uma das grandes dificuldades do setor empresarial é a adaptação às mudanças que a pandemia trouxe. As empresas, os líderes, as pessoas tiveram de reinventar a forma de trabalhar. Agora, é preciso internalizar essa nova realidade e, para muitas empresas, ainda é complicado. O comprometimento da mão de obra em muitos setores também tem deixado a desejar, o que torna ainda mais difícil para o empresariado seguir em frente com confiança e estabilidade.
Quais as conquistas?
Eu creio que a maior conquista no momento para todas as empresas é quando elas conseguem se readaptar e se reinventar. Grandes conquistas também são as reformas que estão ocorrendo, mesmo que de forma muito lenta, ainda, em âmbito nacional em relação às empresas, trabalho e mercado, mas elas estão acontecendo e é preciso que elas continuem, se possível, de uma forma mais ágil e efetiva.
O setor empresarial de Flores da Cunha é conhecido pela união. Como engajar o empresariado?
O empresário tem um livre trânsito em todas as atividades, isso é muito importante para o cooperativismo, que é muito forte em Flores da Cunha. Como engajar o empresário? A partir do momento em que ele se sente acolhido no meio empresarial, ele ganha força também e, em uma engrenagem sem fim, inspira outros empresários para que sejam mais engajados ainda, fazendo todo o sistema se mover.
Quais as atividades que se destacam no município?
O vinho é a que mais se destaca. Somos o maior produtor do país, mas ainda somos muito fortes na produção de bebidas, móveis, setor metalmecânico, de plástico, serviços, além de um comércio também em crescimento e da tradicional agricultura, que desde a origem do município é muito intensa. Vale citar o turismo, que vem crescendo exponencialmente, com o surgimento de novas propriedades e roteiros turísticos com vinícolas, gastronomia e belezas naturais. O Centro Empresarial é um grande apoiador. Em 2019, levantamos a bandeira e criamos o Plano de Desenvolvimento do Turismo de Flores da Cunha e Nova Pádua, um projeto extenso com consultorias de peso e que envolveu toda a sociedade e o Poder Público dos dois municípios. Criamos o Comitê de Turismo na entidade e, hoje, estamos seguindo este Plano e avançando a cada dia com importantes ações para fomentar ainda mais o turismo.
A agricultura e a viticultura vêm sofrendo com a estiagem?
A estiagem afetou bastante as nossas culturas. Estima-se que até o momento a perda fique em torno de 20% na safra de uvas. Entretanto, nos últimos dias, com a volta das chuvas, creio que esse percentual possa ser amenizado, se o tempo voltar a apresentar uma boa oscilação até a colheita final da uva.
De que forma a crise da Covid-19 impactou no segmento?
A Covid-19 impactou todas as áreas da sociedade, principalmente a área empresarial, na qual várias empresas tiveram de reformular sua forma de trabalhar e procurar novos jeitos de se inserir e atuar no mercado. Isso provocou uma revolução muito grande, estresse para muitos empresários, que, com isso, ocasionou a busca de alternativas. Então, se tornou um hábito para todo empresário sempre estar em busca de um novo eixo para atuar, de forma mais eficaz.
Como é ser um empresário? Quais os desafios?
Ser empresário hoje é um exercício de heroísmo. O empresário é uma pessoa que, nas 24 horas do dia, está preocupada, que tem de estar ligada, que tem de acompanhar mercado, tendências, que precisa acompanhar sua empresa diariamente. O empresário acordou e já está pensando na empresa, até a hora de dormir, em toda a estrutura que ele tem de manter e controlar para ter sucesso. Porque o principal objetivo de todo empresário é prover a sociedade com melhorias e ter sucesso pra poder continuar. Esses são os maiores desafios dos empresários, já que, hoje, eles têm de se adaptar a essa nova situação para se manter no mercado, além de estarem preparados para todas as mudanças que vão acontecer. Afinal, as mudanças estão acontecendo com uma velocidade muito grande em todas as áreas, tanto humanas quanto empresariais, e isso requer uma atenção muito maior de todo o empresariado.
Que dicas daria a jovens empreendedores acuados pelo cenário de instabilidade?
Ao jovem empreendedor, eu diria: não tenha medo, não tenha medo de desafios. Eu vejo na juventude que vem vindo aí um público que não se assusta e isso é bom, coragem para enfrentar e seguir em frente. Digo ainda: acredite nas suas ideias, em seus objetivos, e não se desvie de seu caminho, porque a instabilidade que hoje se apresenta vai ser uma constante na vida de todo mundo e faz parte. Os jovens empreendedores vão ter de aprender a conviver e enfrentar. É como um alimento que não gostamos tanto, mas que sabemos que faz bem, e que temos de comer constantemente no nosso dia a dia, sem medo de enfrentá-lo, vamos procurar nos adaptar, que a gente vai ter sucesso ali adiante.