O grupo caxiense Marelli, líder na fabricação de móveis corporativos no mercado brasileiro e latino-americano, passou por duas grandes movimentações em sete meses.
Em julho do ano passado, anunciou, pela primeira vez em seus 37 anos de trajetória, que a gestão executiva da companhia passaria a ser desempenhada por um profissional de mercado.
O escolhido para a desafiadora função de CEO foi o engenheiro elétrico e administrador de empresas Luis Valente. Até então, esse cargo estava sob o comando dos sócios-fundadores.
O segundo movimento da Marelli chegou junto a 2021. Em janeiro, a companhia comunicou alteração societária. Com isso, a controlada Ingecon Móveis Comerciais, maior fabricante de mobiliário comercial para o grande varejo da América Latina, com sede em Canoas, retornou ao controle do sócio-fundador Elvio Passos, após cinco anos comandada pela Marelli.
Na entrevista a seguir para a seção Conversa Afiada, Luis Valente, 56 anos, CEO do Grupo Marelli, detalha o novo momento vivido pela organização:
Qual a estratégia do Grupo Marelli em abrir mão da Ingecon?
Foco! Apesar de parecer um negócio complementar, com muitas sinergias, de fato mostrou-se uma atividade bem distante do nosso “core”, que desfocou a Marelli da sua excelência. Agora, podemos nos dedicar de forma integral às nossas principais habilidades e voltar a crescer mais rápido e de forma mais rentável.
De que forma a pandemia impactou nos negócios?
Os espaços corporativos sofreram uma contração relativa com a pandemia, reduzindo o ritmo dos negócios. Contudo, surgiram oportunidades interessantes, como os espaços mais colaborativos nos escritórios, oferta fortemente explorada pela Marelli, e a junção do home office com o e-commerce, eixo no qual a nossa empresa se beneficiou fortemente.
Foi a pior crise vivida pela empresa?
A Marelli nunca enfrentou uma crise... Enfrentamos, durante nossa história que se aproxima das quatro décadas (mais precisamente, completa 38 anos em abril), muitos desafios. A pandemia foi apenas mais um deles.
Qual a estrutura atual da Marelli em termos de capacidade produtiva e funcionários?
A Marelli conta com um dos maiores parques fabris da indústria moveleira da América Latina, com mais de 21 mil m² de área produtiva, servido com maquinário e tecnologias de ponta, na vanguarda da nossa indústria, e aproximadamente 350 colaboradores diretos.
2020 foi de crescimento ou recuo nas receitas? Houve contratações ou demissões?
Foi de leve recuo... Houve contratações e demissões, talvez mais demissões, mas trabalhamos duro para que houvesse o menor impacto possível no quadro de funcionários.
De que forma 2021 se apresenta?
As perspectivas são muito positivas, com muitas iniciativas ganhando tração, lançamento de novas ofertas, aceleração do e-commerce e expansão da nossa rede de lojas no Brasil e América Latina.
Quais os projetos de expansão no horizonte?
Novas ofertas, expansão da rede de lojas e reforço no atendimento ao mercado corporativo são eixos presentes na agenda de 2021.
Que mercados são atendidos atualmente?
O mercado de escritórios corporativos de grande e médio porte, dos setores privado e público.
A escassez de matéria-prima também impactou a Marelli?
Sim, impactou, mas tal situação tende a se estabilizar. Acredito que em 60 dias a cadeia produtiva vai estar normalizada.
Que lições tirou da pandemia?
Aprendemos que nada supera a capacidade humana de se adaptar e de inovar... Conseguimos trabalhar à distância e com formatos híbridos, mas o ser humano é essencialmente colaborativo e social.
Que dicas daria a empreendedores acuados pelo mercado e pelo cenário?
Sempre olhar para a frente, não temer o desconhecido, mas sim ver nele uma oportunidade de se diferenciar e de superar a concorrência, através de inovação e colaboração.
Grupo Marelli, de Caxias do Sul, anuncia novo CEO