Encaminhando-se para a reta final da colheita da uva no Rio Grande do Sul, principal polo produtor da fruta no Brasil, o setor vitivinícola comemora tanto a qualidade quanto a quantidade.
A previsão é de que a safra ultrapasse as 800 mil toneladas de uva no Estado, volume maior embalado por novas áreas cultivadas que entraram em produção este ano e pela ausência de perdas em razão de intempéries.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que hoje o Estado mantém 46.774 hectares destinados ao cultivo da fruta. As uvas precoces, destinadas à elaboração de espumantes, apresentaram excelente sanidade e equilíbrio entre acidez e açúcar, o que é ideal para a bebida.
Uvas precoces apresentaram excelente sanidade
As condições de estiagem, combinadas com grande amplitude térmica diária, de dias quentes e noites frias, ocorridas no final da primavera e início do verão, foram favoráveis para a quantidade e a qualidade enológica das uvas precoces.
Contudo, variedades intermediárias e tardias foram acometidas por maiores índices de chuvas, o que pode comprometer a qualidade. Mas, no geral, a safra é motivo de comemoração para o setor, que viu seus estoques praticamente desaparecerem diante do excelente desempenho de vendas em 2020 em função da pandemia.
“As pessoas ficaram mais em casa, mudando hábitos de consumo. A alta do dólar também ajudou, fazendo com que o brasileiro degustasse e descobrisse o vinho nacional, aprovando a experiência, tanto pela qualidade, quanto pelo bom preço”, avalia o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Argenta.
Como nem tudo é aroma de vinho, o executivo demonstra preocupação com o problema da escassez de garrafas, que vem se agravando ano a ano.
“Se já enfrentávamos este problema com uma safra menor, nosso grande desafio será resolver esta situação, uma vez que o consumo per capita subiu no ano passado”.
Curiosidade: considerando os municípios que cultivam viníferas e americanas, o maior produtor de uvas é Flores da Cunha, com um total de 84 mil toneladas em 2020, seguido por Bento Gonçalves, com 73 mil toneladas, e Farroupilha, com 50 mil toneladas.
No entanto, o maior produtor de uvas viníferas (para vinhos finos) é Bento Gonçalves, com 12 mil toneladas.
Dos 497 municípios gaúchos, 122 têm áreas de vinhedos cultivadas. A colheita se estende, em média, até o final de março.