No primeiro trimestre de 2020, a Covid-19 ainda significou pouco impacto nos negócios das Empresas Randon, que figura entre os principais conglomerados de implementos rodoviários do mundo. Até porque as medidas de restrição ganharam força a partir da segunda quinzena de março.
Nesse clima de quase normalidade, o grupo registrou, no primeiro trimestre, receita líquida de R$ 1,2 bilhão, 3% maior que a verificada de janeiro a março de 2019. O balanço foi divulgado na noite desta quinta-feira (4 de junho).
Os indicadores também apontam avanço da receita bruta, 2% superior do que no mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 1,7 bilhão. Obviamente que o cenário naquele momento estava bastante favorável ao segmento fabril, mas as Empresas Randon fizeram seu dever de casa para colher essa performance.
Entre as explicações para os números estão:
1ª) A companhia mantém uma posição robusta de caixa, importante ferramenta para enfrentar o elevado grau de incertezas no ambiente de negócios.
2ª) A empresa intensificou os esforços em ações para preservação das finanças, como a revisão do planejamento orçamentário para o ano.
3ª) Houve um olhar voltado à diversificação dos negócios, considerando os produtos oferecidos, o portfólio de clientes e os setores atendidos, permitindo oportunidades em setores como o do agronegócio, que representa mais de 70% da carteira de pedidos da divisão montadora da companhia.
"A gestão de caixa da empresa é um modelo acertado que estamos seguindo nos últimos anos. Sem dúvida, é um fator que colaborou para o desempenho positivo da organização nos primeiros meses de 2020. Além disso, atuar de maneira sólida em diferentes segmentos nos tornou mais resilientes e preparados para enfrentar e reduzir os impactos da volatilidade do cenário atual", salienta o CFO (diretor financeiro) das Empresas Randon, Paulo Prignolato.
Reflexos do coronavírus
Se de um lado a Covid-19 tenha registrado baixo impacto financeiro para o grupo Randon no primeiro trimestre de 2020, por outro, um novo cenário social e econômico já se descortina. São em situações extremas como essa que os princípios norteadores de uma companhia ficam mais evidentes, salienta o CEO das Empresas Randon, Daniel Randon:
"No nosso caso, temos dois focos primordiais: a preservação da saúde dos colaboradores e da população e a sustentabilidade da economia local e global. Nesse sentido, contamos com um comitê que acompanha o cenário da pandemia no Brasil e no mundo para que a tomada de decisão seja efetiva e ágil. Além disso, assim como em outros momentos desafiadores, estamos conseguindo acelerar importantes mudanças na organização, como transformação digital, ganhos de eficiência e sinergia nos processos, buscando, inclusive, o crescimento de novas frentes de negócios", explica um dos filhos do patriarca Raul Anselmo Randon.
Uma série de medidas foi adotada para atenuar o avanço da doença, com impacto na rotina e nas relações de trabalho.
Mercado externo
Os meses de janeiro e fevereiro de 2020 registraram leve recuperação de alguns mercados externos, abrindo espaço para a recomposição de preço e novas negociações.
Porém, na segunda quinzena de março, as vendas diminuíram, com maior impacto na divisão de montadora. Mesmo com um patamar inferior de volumes, a valorização do dólar permitiu que as receitas de exportações garantissem margens de vendas sustentáveis.
Investimento
No primeiro trimestre de 2020, foram investidos R$ 90,1 milhões, sendo que R$ 29,6 milhões foram alocados em investimentos orgânicos e R$ 60,5 milhões foram em integralização de capital no Banco Randon e na Randon Ventures. Essa última empresa de investimento em startups busca ampliar as práticas em inovação, focando em novas tecnologias que tenham conexão com os negócios da companhia nos segmentos de logística, serviços financeiros, seguros e mobilidade.
Autopeças
A produção de caminhões apresentou um primeiro trimestre com estabilidade de volumes. Mesmo com os efeitos da pandemia já repercutindo em todo o Brasil, e com muitas empresas concedendo férias coletivas durante a segunda quinzena de março, a maior parte das montadoras optou por fazer este movimento durante o mês de abril. Com isso, os volumes de caminhões produzidos no trimestre praticamente não tiveram efeitos decorrentes desse novo cenário, e se mantiveram estáveis frente ao mesmo período do ano anterior.
Veículos e Implementos
O mercado brasileiro de implementos rodoviários começou 2020 a mil, resultado das vendas efetuadas ainda na Fenatran e reforçado pelas perspectivas positivas de crescimento do país. No entanto, o efeito da pandemia nos negócios se acentuou no mês de março, fazendo com que esse, que deveria ser o melhor mês do trimestre, fosse o mais fraco.
