POR SILVANA TOAZZA
Ela integra o time das 32 empresas da Serra que figuram entre as 500 maiores do Sul, conforme ranking da revista AMANHÃ e da consultoria PwC. Também carimbou seu passaporte como uma das melhores organizações para se trabalhar no Rio de Grande do Sul, agraciada com a distinção Great Place to Work (GPTW).
Constar na elite corporativa dos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná não impediu que a Soprano, com sede em Farroupilha e atuação global, também tivesse de fazer o dever de casa diante dos intensos desafios provocados pela pandemia desde 2020.
Com 67 anos de história, o grupo atua fortemente nos mercados de construção civil, materiais elétricos, moveleiro e utilidades domésticas. Em suas sete unidades de negócios, produz fechaduras e ferragens, materiais elétricos, utilidades térmicas, componentes para móveis, entre outros itens. Concluiu recentemente dois grandes projetos de expansão nas áreas de infraestrutura e segurança da informação, que somaram R$ 4 milhões em investimentos no aprimoramento da excelência no atendimento, impulsionando os novos modelos de compra e negócios online, que dispararam.
Nesta entrevista exclusiva à seção “Conversa Afiada” do site, o CEO da Soprano, Paulo Roberto Sachett, 60 anos, avalia o novo momento vivido pela companhia e as perspectivas para 2021, com novas contratações para o time de cerca de mil funcionários. Com formação em Ciências Contábeis, Direito e especialização em Administração Financeira, o executivo acredita que tranquilidade e fé são importantes norteadores de um trabalho eficiente. Leia e inspire-se:
Como a Soprano conseguiu vencer o atípico ano de 2020?
O ano foi extremamente desafiador e tivemos de agir com muita presteza, formando um Comitê de Crise, com a participação de toda a gestão, que se reunia periodicamente com o objetivo de definir as ações a serem tomadas, acompanhando as orientações das autoridades sanitárias, redefinindo as estratégias e adequando toda a estrutura da empresa ao cenário que se apresentava.
Houve crescimento ou não? Empregos ou demissões?
Tivemos uma diminuição no número de empregos, visto que a retração nos primeiros meses foi muito grande e as perspectivas ainda eram muito sombrias sobre a retomada da economia. No entanto, em termos de resultado, terminamos o ano sob um ponto de vista positivo, com números muito próximos aos de 2019.
Quais as estratégias para subverter a crise da Covid-19?
Austeridade e tranquilidade foram as palavras-chave. Austeridade, pois, em momentos de grande incerteza, temos de nos resguardar e preservar ao máximo os recursos disponíveis para que, por mais que a situação se estendesse, pudéssemos ter fôlego para suportar. Tranquilidade, pois é com equilíbrio e discernimento, analisando todas as possibilidades e utilizando os conhecimentos adquiridos, que conseguimos superar os obstáculos, encontrando soluções mais adequadas para o negócio.
2021 se apresenta de que forma? Quais as metas para o ano?
O ano em curso se apresenta muito desafiador, visto que ainda continuamos sob os efeitos da pandemia e, embora já tenhamos uma vacina, 2021 ainda será de muitos cuidados e incerto quanto à manutenção dos atuais níveis de consumo, devendo ser impactado pela redução de liquidez no mercado.
Quais os planos de expansão no horizonte da empresa?
Recentemente, adquirimos máquinas, moldes e produtos da empresa Iriel, fabricante de tomadas e interruptores, desta forma, expandindo o rol de produtos e o mercado atendido. Estamos com alguns projetos em análise, tanto de novos produtos quanto de negócios que serão implementados na medida em que se tornarem viáveis.
Qual a estrutura atual em termos de fábricas, funcionários e capacidade produtiva? Hoje, a empresa conta com três fábricas em Farroupilha, uma em Caxias do Sul e uma em Campo Grande/MS. Contamos também com quatro Centros de Distribuição localizados nas mesmas cidades. Além disso, temos uma operação na Cidade do México e um escritório na China. Em termos de capacidade produtiva, a empresa está preparada para atender à expansão prevista para os próximos períodos e estamos ampliando o nosso quadro de funcionários.
Como está sendo o desempenho no mercado internacional?
Em termos de exportação, a Soprano atende alguns países da América do Sul e acabou sendo muito afetada no ano que passou. Agora, as exportações já estão apresentando uma retomada em termos de negócios, inclusive com a abertura de novos clientes.
Como se manter entre as 500 maiores empresas do Sul do país pela Revista Amanhã?
Para continuarmos se mantendo entre as 500 maiores do Sul, a empresa precisa continuar evoluindo, inovando em produtos e processos, buscado atender às demandas do mercado, criando valor para os nossos clientes.
Que legado a pandemia deixou?
A pandemia, com todos os problemas causados, nos deixa lições muito importantes como pessoas, para sermos mais solidários, mais preocupados com os que nos cercam, com cuidados básicos que no dia a dia vínhamos esquecendo. Nas empresas, nos mostrou que, com criatividade e inovação, podemos criar soluções, desde que tenhamos objetivos bem definidos. Nos mostrou que recursos tecnológicos que já estavam disponíveis e a antecipação de algumas novidades em fase de desenvolvimento foram muito importantes. Acima de tudo, provou que equipes preparadas e engajadas são as engrenagens que movem as empresas, independentemente do momento.
Que dicas você daria a empresários acuados pelo momento de instabilidade?
Cerque-se de pessoas competentes e engajadas, tenha objetivos claros, seja austero no controle de gastos. Nós, brasileiros, já estamos acostumados com as inúmeras crises, embora essa tenha um ingrediente novo. Procure manter a tranquilidade, ouvir as pessoas em quem confia e criar alternativas. Acima de tudo, mantenha a FÉ, pois, quando sairmos deste período, estaremos muito mais fortes.