POR MARCOS FERNANDO KIRST
A cena impressiona: o papa Francisco sozinho, rezando missa em uma Praça São Pedro vazia, em meio à chuva que tenta lavar a maculada alma dos italianos e do mundo, fragilizada pelo temor ao coronavírus.
De ponta a ponta no mundo, em ritmos diferentes, o micro-organismo letal vem alterando a rotina não só das pessoas comuns, mas também dos poderosos que, em momentos como esse, se veem reduzidos à mesma humanidade que rege os demais 7 bilhões de habitantes do planeta, indefesos e frágeis frente ao ataque da doença que vem empilhando corpos e exigindo medidas de isolamento social jamais registradas antes na história.
Esta sexta-feira, 27 de março, foi pródiga em imagens e fatos marcantes envolvendo autoridades e o coronavírus pelo mundo. Primeiramente, o papa, que preencheu sozinho com sua santidade a extensa praça no Vaticano, tradicionalmente apinhada de fiéis, para dar a bênção e a indulgência plenária ao mundo pela pandemia. O ritual não tem precedentes na história do Vaticano.
Francisco concedeu a bênção “Urbi et Orbi” (“À Cidade e ao Mundo”) a todos os 1,3 bilhão de fiéis católicos do globo, concedendo-lhes perdão pelos seus pecados. Tradicionalmente, essa bênção específica só é transmitida ao mundo em 25 de dezembro, por ocasião do Natal.
Confira na íntegra a bênção histórica do papa Francisco no link: https://www.youtube.com/watch?v=tsdrpi8AkJs
PRIMEIRO-MINISTRO
BRITÂNICO INFECTADO
Boris Johnson, primeiro-ministro inglês
Perto dali, mais para cima no mapa da Europa, a Grã-Bretanha era chacoalhada com a notícia de que o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, está contaminado com o coronavírus, da mesma forma como, na véspera, todos foram surpreendidos com a mesma informação em relação ao príncipe Charles.
O premiê apresenta sintomas leves da doença, mas vai se isolar e seguir comandando o país à distância, por videoconferência com os ministros.
PREFEITO DE MILÃO SE ARREPENDE
POR TER PROTELADO ISOLAMENTO
Caixões na Itália se empilham. FOTO CLAUDIO FURLAN
Já da Itália do papa solitário, seguem saindo as notícias mais terríveis: o país bateu novo recorde de mortalidade pelo coronavírus em 24 horas, com 919 casos.
E o mais impactante: o prefeito de Milão, Giuseppe Sala, veio a público admitir, nesta sexta-feira, ter cometido um erro ao apoiar, um mês atrás, uma campanha no sentido de impedir que a cidade parasse e fosse feito o isolamento social para combater a pandemia.
Na época, o país contabilizava apenas 14 mortes devido ao vírus. Trinta dias depois, são mais de 9 mil vítimas em território italiano.