POR MARCOS FERNANDO KIRST
Paul McCartney, aquele músico britânico de 78 anos que ficou famoso por fazer parte de uma banda de rock chamada Beatles, junto com John Lennon, George Harrison e Ringo Starr, personifica bem aquilo que se costuma classificar como “prodígio”. Paul McCartney é, portanto, um prodígio musical, entre outras várias razões, por uma em específico: gosta de entrar sozinho no estúdio e sair de lá, algum tempo depois, com um disco gravado inteirinho. Sozinho.
Ele já fez isso duas vezes antes, em sua longeva carreira artística, e voltou a aprontar outra vez.
A primeira foi em 1970, quando a banda/ícone/lenda da qual participava como compositor (ao lado de Lennon e Harrison) e baixista estava se esfacelando. Em 17 de abril daquele ano, Macca (apelido dele para os íntimos, considerando íntimos todos os milhões de fãs que ele tem ao redor do planeta) lançou seu primeiro disco solo, intitulado “McCartney”. Os Beatles eram, então, definitivamente enterrados e cada ex-membro dava a largada às suas carreiras solo.
McCartney não poderia ter intitulado melhor seu álbum de estreia, afinal, ele faz alusão aos nomes de todos os músicos arregimentados ao estúdio para produzi-lo: no baixo, Paul McCartney; na guitarra, Paul McCartney; na bateria, Paul McCartney; no piano, Paul McCartney; no mellotron, Paul McCartney; no órgão, Paul McCartney; no xilofone de brinquedo, Paul McCartney. Ah, além disso, todas as composições eram de autoria de um tal de Paul... McCartney. Entre elas, os sucessos “Maybe I'm Amazed”, “Junk” e “Every Night”.
"McCartney I", de 1970
Sir Paul repetiu a fórmula uma década depois, em maio de 1980, pontuando também o esfacelamento de sua segunda banda de rock, os Wings. Entrou em estúdio sozinho, acompanhado da legião de McCartneys tocadores de tudo, e emergiu de lá com o álbum “McCartney II”, no qual, de novo, executa todos os instrumentos e compõe todas as canções. Afinal, quem precisa de banda de apoio quando seu nome é Paul McCartney, hein? Dessa segunda fornada absolutamente solo (solíssimo, poderia ser a classificação), emergiu o clássico “Coming Up”, presente em todos os set lists dos shows ao vivo do artista.
"McCartney II", de 1980
Agora, passadas mais quatro décadas, neste ano de 2020 Paul McCartney anuncia levar a público, em dezembro, seu mais novo disco feito totalmente sozinho, intitulado, ora vejam só: “McCartney III”! Acontece que, com o retiro forçado devido à pandemia do coronavírus, o irrequieto artista meteu-se no estúdio e, claro, saiu de lá com um álbum novinho em folha, repleto de inéditas, algumas delas, canções deixadas de lado na produção de discos anteriores, que agora ganham vida.
Vamos ver o que o eterno Beatle nos oferece, em dezembro, nessa sua terceira reinvenção solo-solo.
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