POR MARCOS FERNANDO KIRST
Diga lá, rapidinho: o que você prefere, ter um milhão de amigos, como canta a plenos pulmões nosso Rei Roberto Carlos, ou ter um só amigo, mas que rende um milhão? Um milhão enfiado no seu bolso... um milhão de DÓLARES, igual ao rei-ator de Hollywood, George Clooney? Hein? Qual a sua escolha? Resposta difícil ou fácil? Questão retórica, inverossímil, sobre a qual nem vale a pena perder tempo refletindo a respeito?
Bom, pode ser qualquer coisa, exceto, inverossímil. Afinal, você deve ter ficado sabendo da notícia que anda viralizando pela aí no planeta web, sobre o ator norte-americano George Clooney que, acometido por uma incontrolável febre de generosidade e gratidão, andou distribuindo presentinhos na ordem de um milhão de dólares em dinheiro vivo a 14 de seus melhores amigos.
Sim, assim mesmo, simplinho assim. Abriu a carteira, sacou os milhõezinhos de dentro, olhou pros 14 amigos em volta, chamou um a um e distribuiu. “Vem cá, Joe. Tó aqui, um milhão procê. De dólares, hein!”. “E você, Jim! Você também. Pega ae, um milhão”. “Ôoooo Bob! Vem cá, Bob. Larga um pouco o steak aí no grill do George Foreman e vem aqui. Abre a mão e fecha os olhos. Isso. Um milhão. Sim, sim, procê, sim! Volta lá pro teu steak”. “Ricky! Rickyyyy! Cadê o Ricky? Ah, você está aí, seu sacana. Vem cá ver o que eu tenho aqui pra você...” “Hank! Haaank, meu amigo! Aquele abraço! Ó, um milhão, hein. Só não vai torrar tudo duma vez só, como você fez quando fomos a Las Vegas e você se hipnotizou pela mesa de roleta, lembra? Manera, né, mané! Toma, é teu!”. E assim foi indo, de um em um, George, o amigão camarada (camarada e muito rico; camarada, muito rico e pródigo), distribuiu 14 milhões de dólares, um para cada um de seus 14 amigos.
Mas isso foi há sete anos. Aconteceu em 2013, foi um episódio único. Ou seja, quem era amigo dele naquela época, se deu bem e pronto. Não adianta correr agora pra Hollywood na intenção de amigar-se do Clooney, que a farra da distribuição dos milhões já acabou, ô esperto!
Acontece que o episódio só veio à tona agora, quando o ator confirmou oficialmente e em público aquilo que já se cochichava nos bastidores e nas rodinhas sociais regadas a Veuve Clicquot e terrine de ganso dinamarquês, nos animados happy hours falados em inglês, em Los Angeles. Sabe como é, esse tipo de coisa acontece quando você tem milhões de dólares sobrando na conta e não sabe mais o que fazer com a grana, depois de ter adquirido mansões em Beverly Hills e no Morro dos Conventos, iates de luxo pra navegar com os amigos do Tega ao Ganges, jatinhos particulares, vasos de ouro (vasos sanitários folheados a ouro, coisa de rico, existe, sim), Ferraris azuis-turquesa com seu nome grafado no para-choques, pivôs dentários à base de rubis e esmeraldas, relógios de diamantes e cadeiras no céu.
A distribuição da dinheirança aconteceu, na verdade, durante um jantar em que Clooney convidou seus 14 melhores amigos. Daí, ele tinha lá, num canto, perto da mesa, ao lado da lareira crepitante, 14 malas. Cada mala recheada com um milhão de dólares, uma para cada amigo. Se saíram de lá com os dólares enfiados nas cuecas, ou se a mala foi de brinde para cada um deles, isso já não se sabe. É detalhe. Sorte deles que não estavam no Brasil, onde a polícia costuma bater na casa de quem tem milhões acolherados em malas. Te cuida, Georgie!
O fato é que Clooney quis, com esse gesto, materializar sua gratidão eterna por esses camaradas que, quando ele ainda era um joão-ninguém, recebeu de cada um deles a ajuda e o ombro amigo de que precisava, na natural fase pé-rapado que antecede a transformação de cada um de nós em astros de Hollywood. Emprestaram dinheiro ao então Clooney pobretão. Deixaram ele dormir e babar nos sofás de suas salas quando ele não tinha teto. Doaram pares de meias pretas quando ele usava sapatos sem meia para pedir pontinhas em filmes de segunda. Clooney não esqueceu.
O que a esposa dele achou disso? Nada, pois ela só se tornou sua esposa depois que o ator já tinha protagonizado a distribuição generosa de dólares. De 14 milhões de dólares, para sermos exatos. Aliás, ela se tornou esposa de Clooney exatamente um ano depois do festim milionário. Casou com um Clooney 14 milhões de dólares mais pobre, mas sem problemas, o que estava em jogo era o amor. Legal, né? Sorte dos amigos! Dupla sorte! Hoje, acabou a mamata.
Roberto Carlos tem um milhão de amigos. Clooney tem só 14 amigos, mas cada um tem um milhão. De dólares. E você, amigo. Quer ser meu amigo? O que tem aí nessa sua mala?