POR SILVANA TOAZZA E MARCOS FERNANDO KIRST
O portal de notícias chega à sua terceira reportagem da série que dá voz a lideranças empresariais, culturais, políticas e sociais de Caxias do Sul sobre a importância da revitalização do complexo que já abrigou a Metalúrgica Abramo Eberle S/A (MAESA), símbolo do apogeu industrial da cidade.
Incluindo essa matéria, já são 13 pessoas atuantes na comunidade que demonstraram sua visão em relação a um tema sensível ao futuro de todos: tirar do abandono o conjunto arquitetônico de 19 pavilhões, espalhados por 53 mil metros quadrados, e inseri-lo na rota do progresso, do turismo, do desenvolvimento, da cultura, da inovação de Caxias do Sul.
Até o momento, é consenso entre as autoridades entrevistadas o potencial de restauração e resgate desse patrimônio histórico tombado. Arte, história, cultura, Museu, Mercado Público, vila gastronômica, exposição de arte são palavas recorrentes e que saltam aos olhos.
Prédios estão à espera de restauração (Foto: João Henrique Ramos)
Os desafios, contudo, são tão maximizados quanto o tamanho da estrutura tombada. No momento, encontra-se em curso o Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), do Executivo municipal, que habilitou dois consórcios para apresentar estudos de modelagem técnica, econômico-financeira e jurídica para os restauros e a ocupação do complexo da MAESA no âmbito de Parceria Público-Privada (PPP) com vistas à futura licitação do conjunto imobiliário de valor histórico. Entenda melhor o tema AQUI
É um caminho minucioso, complexo, mas desenha-se como uma opção viável para que esse sonho não volte a ser soterrado em gavetas ou em mentes. No país, parcerias entre poder público e a iniciativa privada, quando bem fundamentadas e resguardadas por leis (e abraçadas pelo coletivo), viabilizam o impensável.
Leia a seguir quatro depoimentos sobre o futuro da MAESA. A última reportagem da série você confere no próximo final de semana.
DEPOIMENTOS
Qual a relevância da restauração da MAESA para a comunidade de Caxias do Sul?
Aline Zilli, secretária municipal da Cultura:
"Ativação que pode colocar Caxias em um outro mapa" (Foto: Giovani Boff)
“Devolver a MAESA para a comunidade é uma ação muito importante, justamente porque o desenvolvimento da cidade, do ponto de vista econômico e social, passou por aquela edificação. Também hoje, enquanto arquitetura, o prédio se situa em uma região que é o coração pulsante da cidade e que pode se desmembrar e se desenvolver em diversas atividades. De fato, o futuro da cidade passa por esse local, por essa edificação que conta uma parte da história da industrialização da cidade, e também como uma ativação que, sob o viés da criatividade, da cultura, da arte, da inovação, pode colocar Caxias em um outro mapa, apontando para um rumo bacana, apontando para um futuro brilhante e pulsante para a cidade. A MAESA urge desse cuidado, desse zelo, enquanto o patrimônio público que ela é”. (Aline Zilli)
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James Bellini, CEO da Marcopolo:
"Um presente para toda a comunidade" (Foto: José Zignani)
"A recuperação do Complexo da MAESA é um presente para toda a comunidade. Dar uma vida nova ao espaço é permitir que as gerações atuais e futuras tenham acesso a um capítulo fundamental sobre o desenvolvimento de Caxias do Sul, com o resgate de elementos culturais e sociais da região. No século passado, o espaço foi muito importante para a economia local e isso não pode ser apagado de nossa história." (James Bellini)
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Guilherme Martinato, empresário, livreiro e presidente do Conselho Municipal de Política Cultural:
"Somos privilegiados, em Caxias, por termos uma verdadeira cidadela como essa" (Foto: arquivo pessoal)
“Não só o restauro da MAESA é importante para a cidade, mas especialmente o debate em torno do uso de sua estrutura, o que se espera dela. Somos privilegiados, em Caxias, por termos uma verdadeira cidadela como essa, com tantas histórias, dentro da nossa própria cidade. No que tange à ocupação desse espaço, nossa expectativa é de que se priorize realmente a cultura, o lazer e o turismo, aspectos que foram preponderantes no processo de transferência do patrimônio do Estado para o município. Não se pode esquecer o aspecto de sua sustentabilidade, em todos os âmbitos, para que não passe a onerar o poder público e, assim, a população. Que seja de amplo acesso ao público, gratuita, democrática. Creio que a MAESA possa ser, no futuro, uma grande referência na cidade como um grande ponto de encontro, lazer, de turismo, ligado à cultura e a outros segmentos que possam surgir, como o da inovação, estudos, pesquisas, espaço a ser ocupado pelas demandas públicas. Há ali bastante espaço a ser trabalhado para que essa ocupação se dê de forma consciente e responsável. Dentro do Conselho Municipal de Cultura, temos como meta assegurar que a MAESA seja permanentemente reconhecida, organizada e constituída, principalmente como um complexo cultural, de amplo acesso ao público, contemplando espaços e atividades artístico-culturais e turísticas”. (Guilherme Martinato)
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Valdir dos Santos, escritor, poeta, artista plástico e produtor cultural:
"É memória viva e pura" (Foto: arquivo pessoal)
“A Maesa é um complexo de edificações talhado para ser espaço cultural público, com vocação para valorizar o “chão de fábrica” (que é um bom nome de bar ou restaurante). É memória viva e pura, capaz de tornar-se pulsante e sedutora” (Valdir dos Santos).
Leia também:
A hora e a vez dos 'Eberles' do século XXI
As duas reportagens anteriores da série: