De um lado, lideranças empresariais e executivos de Caxias do Sul solicitam que o índice de utilização da mão de obra de funcionários seja elevado para 50% na indústria – hoje, o decreto municipal limita em 25%. Do outro lado, o Sindicato dos Metalúrgicos (entidade que representa os funcionários do principal motor da economia local) declarou nesta segunda-feira (13) que considera a proposta de ampliação das equipes "temerária", por expor trabalhadores ao risco iminente à infecção.
Desde a semana passada, a partir de decreto municipal, a indústria está retomando as atividades após medidas de restrição contra o coronavírus com 25% do contingente de trabalhadores. Como estavam em férias coletivas, Randon e Marcopolo só retomaram de forma parcial as atividades nesta segunda-feira (13). Os trabalhadores que não foram convocados para o retorno presencial e nem operam em home office entraram no modelo de flexibilização previsto por Convenção Coletiva de Trabalho Extraordinária, com desconto de metade proporcional do salário ao período de pausa. Ou seja, empresa e trabalhador dividem o prejuízo. Portanto, para esses casos, a empresa pagará 50% do valor dos salários e os outros 50% não serão remunerados.
A medida de flexibilização da jornada do setor metalmecânico, firmada emergencialmente para preservar empregos e empresas frente à pandemia de Covid-19, com vigência até dia 30 de abril de 2020, pode ser adotada por 10 dias no mês, e tanto Randon quanto Marcopolo começaram a utilizá-la nesta segunda-feira, inicialmente por cinco dias. Há chances de ser prorrogada para a próxima semana, inclusive com o rodízio de equipes. A Randon admite que “até o final de abril, os recursos utilizados para o enfrentamento da crise econômica em decorrência da Covid-19 são as concessões de férias e a flexibilização de até 10 dias por mês, quando o colaborador fica em casa, mas continua recebendo 50% de remuneração daqueles dias”, salienta, por meio da assessoria de imprensa.
Enquanto o risco de salário menor e de demissões preocupam os trabalhadores, o temor de alastramento da propagação da doença também. Tanto que, contrariando as entidades patronais, o Sindicato dos Metalúrgicos informa que repassou ao prefeito Flávio Cassina seu posicionamento sobre a necessidade de continuar o isolamento, tendo em vista “a capacidade bastante limitada de leitos de UTI e respiradores”. Também justifica que a cidade não possui os exames para testar em massa a população e que a injeção de dinheiro na economia e em investimento público é urgente por parte do governo federal.
As duas maiores empresas de Caxias retornaram de forma tímida, mas com uma ampla lista de restrições de circulação e medidas de segurança contra a propagação da doença. No momento, Marcopolo não fala em demissões e a Randon confirma que descontinuou apenas contratos de experiência, por conta do cenário de instabilidade. A acompanhar os próximos passos.